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Descubra quais são os principais vieses cognitivos que afetam seus investimentos

Vieses cognitivos são padrões sistemáticos de desvios na tomada de decisão e julgamento humano. Eles ocorrem quando o cérebro processa informações de forma que leva a conclusões ilógicas ou irracionais. Esses vieses podem influenciar nossas percepções, memórias e decisões de maneiras que não percebemos.


Recentemente tem se falado muito sobre trading, investimentos e educação financeira, mas quase nada sobre os vieses cognitivos.

Entender essa nomenclatura é fundamental para qualquer pessoa que precisa tomar decisões importantes no mercado financeiro.

Mas apesar disso, muitas pessoas nem sequer escutaram falar em vieses cognitivos e muito menos nos tipos existentes.

Neste artigo vamos explorar os principais vieses cognitivos que afetam os investidores e oferecer estratégias para minimizá-los, promovendo uma abordagem mais racional e eficaz na gestão de investimentos.

O que são vieses cognitivos?

Os vieses cognitivos são distorções sistemáticas no processo de pensamento que afetam a maneira como as pessoas percebem, julgam e tomam decisões

Esses vieses são mecanismos automáticos que o cérebro usa para lidar com a complexidade e a quantidade de informações que processamos diariamente.

Eles ocorrem devido a limitações cognitivas, pressões sociais e emocionais, e influências ambientais. Esses vieses podem levar a julgamentos imprecisos, interpretações enviesadas e decisões irracionais.

SAIBA MAIS:
➡️ Psicologia do trader: o que é e como funciona na prática?
➡️ Psicologia financeira: como as emoções afetam os investimentos?
➡️ Efeito de manada: o que é e como evitar esse comportamento?

Quais são os tipos de vieses cognitivos existentes?

É claro que conhecer os vieses cognitivos é fundamental para entender o que acontece com a nossa mente em momentos de decisões importantes.

Como por exemplo na hora de investir, onde é preciso avaliar se é o momento ideal para comprar uma ação ou não.

Por isso, separamos os principais tipos de vieses para que você possa conhecer. Confira:

1. Dissonância cognitiva

A dissonância cognitiva ocorre quando um investidor enfrenta informações que contradizem suas crenças ou decisões anteriores, resultando em desconforto mental

Para aliviar essa tensão, o investidor pode ignorar ou minimizar a importância dessas informações conflitantes, concentrando-se apenas em dados que confirmem suas opiniões existentes. 

No contexto dos investimentos, isso pode levar a uma avaliação distorcida das oportunidades e riscos, resultando em decisões que não refletem a realidade do mercado. 

Por isso, reconhecer e confrontar essas inconsistências é crucial para uma tomada de decisão financeira mais equilibrada e racional.

2. Ancoragem

A ancoragem é um viés cognitivo que ocorre quando os investidores se fixam em uma referência inicial, como o preço de uma ação, e tomam decisões baseadas nesse valor, mesmo quando novas informações sugerem uma avaliação diferente

Por exemplo, se um investidor compra uma ação por R$50, ele pode hesitar em vendê-la por menos, mesmo que a análise atual indique que a ação vale menos. 

Esse viés pode levar a decisões financeiras irracionais, impedindo que se aproveitem oportunidades ou evitem perdas adicionais.

Para diminuir a ancoragem, é importante:

  • Revisar constantemente as informações de mercado.
  • Basear decisões em análises atualizadas.
  • Ser flexível e adaptar estratégias conforme novas informações se tornam disponíveis.

3. Custo afundado

O custo afundado refere-se à tendência de continuar investindo em um ativo em declínio para recuperar perdas passadas, mesmo quando as perspectivas futuras não são promissoras. 

Esse viés faz com que os investidores se concentrem nos custos já incorridos, em vez de considerar as melhores alternativas disponíveis no momento.

Por exemplo, um investidor pode se recusar a vender uma ação que está caindo, esperando que ela recupere seu valor.

Isso acontece mesmo quando outras oportunidades de investimento mais promissoras estão disponíveis.

Dessa forma, para diminuir estes riscos é necessário:

  • Avaliar investimentos com base nas perspectivas futuras, não nos custos passados.
  • Estabelecer limites claros para perdas aceitáveis.
  • Estar disposto a reavaliar e realocar recursos de acordo com as condições atuais do mercado.

4. Excesso de confiança

O excesso de confiança é um viés cognitivo onde os investidores superestimam suas habilidades e conhecimentos.

Isso porque eles acreditam que podem prever com precisão os movimentos do mercado. 

Esse viés pode levar à subestimação dos riscos e à tomada de decisões imprudentes, como alavancar excessivamente ou concentrar investimentos em poucas ações.

Os investidores excessivamente confiantes tendem a ignorar sinais de alerta e a superestimar seu controle sobre eventos futuros, o que pode resultar em perdas significativas.

Para quem deseja diminuir os riscos deste viés é crucial:

  • Reconhecer as próprias limitações.
  • Diversificar investimentos.
  • Buscar opiniões externas e consultoria financeira.
  • Realizar análises fundamentadas e não apenas confiar na intuição.

5. Efeito Dunning-Kruger

O efeito Dunning-Kruger descreve a tendência de indivíduos com baixa competência em uma área que superestimam suas habilidades. Enquanto aqueles com alta competência subestimam suas capacidades. 

No contexto dos investimentos, iniciantes podem acreditar que possuem um entendimento profundo do mercado e, como resultado, tomar decisões arriscadas e mal informadas.

Essa superestimação das próprias habilidades pode levar a erros significativos e perdas financeiras.

Para diminuir esse viés, é importante:

  • Buscar educação financeira contínua.
  • Reconhecer a necessidade de experiência e conhecimento especializado.
  • Consultar profissionais qualificados antes de tomar decisões importantes.

6. Efeito dotação

O efeito dotação é um viés cognitivo onde os investidores tendem a valorizar mais os ativos que já possuem do que aqueles que não possuem

Esse apego emocional pode levar a decisões financeiras irracionais, como a relutância em vender um ativo, mesmo quando é claramente benéfico fazê-lo.

Por exemplo, um investidor pode hesitar em vender uma ação em declínio porque sente que ela tem um valor especial, além do financeiro. Isso pode resultar em perda de oportunidades melhores de investimento.

Como uma forma de diminuir esse viés, é essencial:

  • Avaliar os ativos de forma objetiva, sem envolvimento emocional.
  • Considerar o valor de mercado atual e as perspectivas futuras ao tomar decisões.
  • Manter uma estratégia de investimento baseada em dados e não em sentimentos pessoais.

Assim, ao reconhecer e compreender o efeito dotação, os investidores podem tomar decisões mais racionais e eficazes, aumentando o potencial de retorno e minimizando perdas desnecessárias.

7. Contabilidade mental

A contabilidade mental é um viés cognitivo em que os investidores dividem mentalmente seu dinheiro em categorias específicas.

Com isso, eles tratam cada categoria de maneira distinta, em vez de considerar a totalidade dos recursos disponíveis. 

Esse comportamento pode levar a decisões de investimento subótimas, pois diferentes contas mentais são gerenciadas de maneiras que não aumentam o retorno financeiro total.

Por exemplo, um investidor pode tratar o dinheiro recebido como bônus de forma diferente do salário regular, gastando-o mais livremente. 

Essa separação mental pode resultar em alocações de recursos menos eficientes e ignorar a melhor estratégia de investimento global.

Para evitar esse víes, os investidores precisam:

  • Adotar uma visão holística dos recursos financeiros.
  • Integrar todas as fontes de renda e ativos em um plano de investimento unificado.
  • Evitar tratar diferentes fontes de dinheiro de maneiras arbitrárias e inconsistentes.

8. Heurística da disponibilidade

A heurística da disponibilidade é um viés cognitivo onde as pessoas tomam decisões com base nas informações mais facilmente lembradas, ao invés de levar em consideração todas as informações relevantes. 

Esse comportamento pode levar a julgamentos imprecisos e decisões de investimento inadequadas.

Especialmente quando eventos recentes ou dramaticamente memoráveis influenciam excessivamente a percepção do investidor.

Por exemplo, após uma queda significativa do mercado, um investidor pode superestimar a probabilidade de outra queda iminente, ignorando dados históricos mais equilibrados.

Para minimizar esse viés, é essencial:

  • Realizar análises abrangentes de todas as informações disponíveis.
  • Evitar basear decisões em eventos recentes ou altamente divulgados.
  • Consultar fontes diversificadas e confiáveis para obter uma visão mais completa.

9. Efeito de disposição

O efeito de disposição refere-se à tendência dos investidores de vender rapidamente ativos que tiveram valorização para garantir lucros, enquanto mantêm ativos que estão em queda, na esperança de que recuperem seu valor

Esse comportamento pode resultar em um portfólio desequilibrado e perdas contínuas, pois impede a realização de lucros potenciais e prolonga a retenção de ativos subvalorizados.

Para diminuir esse viés, é importante:

  • Estabelecer critérios claros para a venda de ativos, baseados em análises objetivas e não em emoções.
  • Revisar periodicamente o desempenho do portfólio.
  • Implementar uma estratégia de investimento disciplinada que permita a realização de lucros de forma sistemática e a limitação de perdas.

Assim, ao reconhecer e corrigir o efeito de disposição, os investidores podem otimizar suas estratégias de venda e compra, promovendo um portfólio mais saudável e lucrativo.

10. Desconto hiperbólico

O desconto hiperbólico é um viés cognitivo onde as pessoas tendem a preferir recompensas imediatas em vez de ganhos maiores no futuro

No contexto dos investimentos, isso pode levar a escolhas financeiras subótimas, como sacar investimentos precocemente ou optar por ativos de curto prazo com menor potencial de retorno a longo prazo.

Para diminuir esse viés, é essencial:

  • Adotar uma visão de longo prazo ao planejar investimentos.
  • Estabelecer metas financeiras claras e disciplinadas.
  • Consultar profissionais para desenvolver estratégias que valorizem o crescimento sustentável.

Como minimizar os vieses cognitivos?

Diminuir os vieses cognitivos é essencial para uma tomada de decisão financeira mais racional e eficaz. Abaixo estão algumas estratégias para superar esses desvios mentais.

Educação e consciência

Reconhecer a existência dos vieses e entender como eles influenciam as decisões é o primeiro passo. Por isso, procure investir em educação financeira contínua e buscar conhecimento sobre os vieses específicos pode ajudar a reduzir seu impacto.

Diversificação

Diversificar investimentos é uma estratégia eficaz para minimizar os riscos associados a decisões enviesadas. Um portfólio bem diversificado pode equilibrar perdas e ganhos, reduzindo a dependência de escolhas individuais.

Consultoria financeira

Buscar o aconselhamento de profissionais financeiros pode fornecer uma perspectiva objetiva e experiente, ajudando a identificar e mitigar vieses. 

Os Assessores de Investimentos podem oferecer análises fundamentadas e orientações estratégicas.

Revisão e reavaliação

Revisar periodicamente o portfólio de investimentos e reavaliar as estratégias com base em novas informações e mudanças no mercado é crucial. 

Sendo assim, estabeleça critérios claros para venda e compra de ativos, e seja disciplinado na sua aplicação, isso pode evitar decisões emocionais.

Metas e planejamento de longo prazo

Estabelecer metas financeiras claras e um plano de investimento a longo prazo pode ajudar a focar em objetivos maiores, reduzindo a influência de recompensas imediatas. Um planejamento bem estruturado promove a disciplina e o crescimento sustentável.

Registro de decisões

Manter um registro das decisões de investimento e das razões por trás delas pode ajudar a identificar padrões de comportamento enviesados ao longo do tempo. Por isso, procurar refletir sobre essas decisões pode proporcionar insights valiosos para futuras ações.

Automação

Utilizar ferramentas de automação para executar ordens de compra e venda com base em critérios predefinidos pode reduzir a influência de emoções nas decisões. Automatizar contribuições para investimentos pode garantir a consistência e a disciplina.

Feedback e autoavaliação

Buscar feedback de outras pessoas e realizar autoavaliações periódicas pode proporcionar uma visão externa das decisões e ajudar a identificar áreas de melhoria. Além disso, estar aberto a críticas construtivas e disposto a ajustar comportamentos é fundamental.