Falar de derivativos pode parecer complexo para quem está iniciando no trading, mas eles também são possibilidades lucrativas para quem realiza operações na Bolsa de Valores.
Neste artigo, vamos explicar o que são derivativos, como eles funcionam na prática e muito mais. Vamos lá?
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O que são derivativos?
Como o próprio nome indica, os derivativos são contratos cujos valores são derivados de um ativo subjacente, como dólar, índices, café, soja, petróleo etc.
Em outras palavras, um derivativo é um contrato definido entre duas ou mais partes que pode ser negociado na Bolsa de Valores ou no Mercado de Balcão.
Os preços dos derivativos derivam das oscilações do ativo subjacente. O valor de contrato da soja, por exemplo, é derivado do preço da soja negociada no mercado à vista.
Vamos a um exemplo prático: ao comprar um derivativo futuro de ações, você não adquire o ativo em si, mas sim um contrato que comprove o valor do ativo no momento em que você efetuou a compra.
No futuro, quando esse contrato for enfim executado, você poderá obter, na maioria das vezes, o produto por trás do contrato.
Os derivativos são classificados em:
- Contratos futuros.
- Contratos a termo.
- Operações de Swap.
- Opções.
No geral, eles são negociados na forma de contratos padronizados especificados previamente. É possível determinar a quantidade, o prazo de liquidação, a qualidade do ativo, entre outras informações relevantes.
Entretanto, é necessário ter o perfil arrojado, já que essas operações envolvem um alto grau de risco, diferentemente das aplicações de Renda Fixa.
No próximo tópico, vamos entender um pouco mais sobre como funciona esse mercado e sua principal função.
Como o mercado de derivativos funciona?
O mercado de derivativos é indicado para quem já está acostumado com Renda Variável, como as operações de Day Trade, por exemplo. Mas apesar de envolver alguns riscos, ele funciona de uma forma simples.
No mercado de derivativos, geralmente quem faz a negociação firma o compromisso de comprar ou vender um ativo por um preço já determinado em um prazo preestabelecido.
Considere que você comprou um contrato futuro de soja na Bolsa de Valores para negociar 450 sacas de 60 kg do produto, ao preço do mercado, cuja validade será até a data de vencimento. Esse vencimento pode ser definido para daqui a alguns dias, semanas, meses ou até mais de 1 ano.
A liquidação desse derivativo pode acontecer de duas formas: pela liquidação física ou financeira. No primeiro caso, mais comum no mercado agropecuário, é necessário fazer a entrega física da mercadoria na data de vencimento.
No segundo caso, não é necessário entregar nada fisicamente. Assim, no dia do vencimento estipulado previamente, é calculada a diferença financeira entre o valor de compra e de venda, finalizando o contrato.
Os derivativos também podem ser usados para outras finalidades, especialmente como hedge financeiro, limitando os preços dos ativos e se protegendo de oscilações no mercado.
Vamos a outro exemplo para deixar mais claro: um produtor agrícola vai colher sua safra de milho daqui a 60 dias. Atualmente, o kg da saca custa R$50, mas ele tem medo de que esse valor diminua depois da colheita.
Então, ele considera uma saída para proteger seus ganhos: negociar um contrato futuro que será liquidado daqui a 60 dias, fixando o valor da saca de milho em R$50.
Dessa forma, se na data do vencimento esse preço tiver aumentado ou diminuído, ele garante que vai receber pelo valor atual, os R$50 por kg.
Além disso, com os derivativos você pode assumir riscos com a expectativa de lucrar com a variação a curto prazo. Em outras palavras, fazer especulação financeira.
Usando o mesmo exemplo do produtor de milho: uma pessoa que faz especulação pode comprar esse contrato de R$50 acreditando que na data de vencimento o valor estará mais alto. Com isso, ela obtém a commodity por um preço menor e poderá revender por um preço mais alto, lucrando com essa negociação.
Em resumo, o mercado de derivativos funciona principalmente:
- Para proteger financeiramente empresas ou pessoas que operam na Bolsa de Valores.
- Para especulação e alavancagem, a fim de potencializar os lucros de quem faz operações de trading.
Muitos derivativos são operados por meio de alavancagem, ou seja, você pode usar uma pequena quantidade de capital para negociar um grande valor no ativo de referência.
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Quais são os principais tipos de derivativos?
Como mencionamos anteriormente, existem diferentes tipos de derivativos: o Mercado Futuro, o Mercado a Termo, as operações de Swap e o Mercado de Opções.
Cada um deles tem uma especificidade, mas no geral envolvem negociações com prazos preestabelecidos.
A seguir, vamos mostrar no detalhe quais são as principais diferenças entre eles.
1. Mercado Futuro
Já mostramos um exemplo de como funciona o derivativo no Mercado Futuro. Em resumo, é o ambiente da Bolsa de Valores onde os contratos futuros são negociados, permitindo ao titular do contrato comprar ou vender o respectivo ativo subjacente a um preço acordado numa data específica.
As partes envolvidas em um contrato futuro não apenas possuem o direito, mas também a obrigação de executar o contrato conforme acordado.
Além disso, no Mercado Futuro, os preços mudam diariamente, já que existe o que chamamos de ajuste diário. Isso significa que as operações são reguladas todos os dias segundo as expectativas do mercado para o preço futuro do ativo principal.
Para esclarecer ainda mais, assista ao vídeo abaixo e saiba como é o funcionamento do Mercado Futuro:
O caso do barril de petróleo negativo na pandemia
Antes de passarmos para o próximo item da lista, vale relembrar um caso relacionado ao mercado de derivativos e aos contratos futuros, muito utilizados na comercialização de commodities.
Em maio de 2020, no início da pandemia de Covid-19, o preço do barril de petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI) fechou com cotação negativa de US$ -13,10, representando uma desvalorização de 300% do preço do óleo.
Segundo reportagem do Valor Econômico, a pandemia afetou diretamente o mercado de derivativos e trouxe um aumento inesperado do estoque de petróleo.
Como o ritmo da produção estava maior que a procura pelo produto, os estoques aumentaram demais e atingiram o limite da capacidade de armazenamento.
Por conta disso, os compradores não podiam exigir que os vendedores entregassem o petróleo físico. Como resultado, a única alternativa disponível era encerrar as posições e vender os contratos.
Nessa situação inesperada, outros vendedores começaram a derrubar ainda mais as cotações. O objetivo era lucrar vendendo a preços cada vez menores, com a expectativa de comprar logo em seguida pagando mais barato. Isso acarretou em contratos fechados a US$ -13,10, um marco histórico no Mercado Futuro.
Esse caso demonstra como a mudança diária nos preços interfere diretamente nos lucros das operações. Por isso é necessário bastante conhecimento antes de iniciar nessa modalidade da Bolsa.
2. Mercado a Termo
Os contratos a termo são semelhantes aos contratos futuros no sentido de que o titular do contrato possui não somente o direito, mas também a obrigação de executá-lo segundo o acordo firmado entre as partes.
Mas a diferença entre eles está na liquidação do compromisso. No Mercado a Termo, normalmente o capital será desembolsado no vencimento do contrato. Já no Mercado Futuro, esses compromissos são ajustados diariamente.
Por exemplo, considere que você comprou uma ação da Petrobras no período de 40 dias com um preço preestabelecido. A pessoa que aceitou essa negociação também precisa vender a ação nesse mesmo período estipulado.
O preço dessa ação precisa estar fixado na data em que vocês realizaram esse compromisso, mesmo que a negociação aconteça futuramente. Dessa forma, a liquidação completa desse ativo acontecerá somente na data de vencimento do contrato.
Logo, as movimentações financeiras no Mercado a Termo acontecem normalmente na liquidação.
3. Operações de Swap
Swaps são contratos de derivativos que envolvem dois titulares, ou partes do contrato, para trocar obrigações financeiras. Já deu para notar que os tipos de derivativos apresentam várias semelhanças, não é mesmo?
Eles funcionam de maneira similar ao contrato a termo: há um prazo para serem finalizados e as partes ficam vinculadas entre si até o encerramento da negociação. Entretanto, essa modalidade é mais comum para empresas do que para pessoas físicas.
Por exemplo: uma organização pode utilizar uma operação de Swap para mudar de um empréstimo com taxa de juros variável para um empréstimo com taxa de juros fixa e vice-versa. É um método utilizado para se proteger das variações nas taxas de juros.
4. Mercado de Opções
A principal diferença entre Opções e Mercado Futuro é que, com uma Opção, o comprador não é obrigado a exercer seu contrato de compra ou venda. É apenas uma oportunidade, não uma obrigação, como no Mercado a Termo.
Assim como acontece com os contratos futuros, as Opções podem ser usadas para proteger ou especular sobre o preço do ativo subjacente.
Como exemplo, considere que no mercado à vista o valor de uma ação está abaixo do valor negociado no contrato de Opções. Nesse caso, não vale a pena exercer o direito de compra, já que o mercado à vista compensa mais do que o Mercado de Opções.
Vale a pena realizar operações com derivativos?
Até aqui, você viu que os derivativos envolvem lucros baseados em negociações com duas partes envolvidas e que os valores são variáveis, dependendo do preço dos ativos ou do prazo de duração dos contratos.
Entretanto, é importante ter bastante conhecimento do mercado para saber em quais tipos de derivativos operar, quais são as chances de os preços subirem ou caírem, quando é o momento ideal para se proteger de variações financeiras etc.
Os derivativos podem ser ótimas maneiras de potencializar seus lucros, mas exigem bastante cautela.
Fazer alavancagem para operar valores muito acima do seu capital inicial aumentam suas oportunidades de lucro, especialmente se você fizer negociações bem estruturadas e planejadas.
No Day Trade e Swing Trade, porém, é importante ter ainda mais cuidado, pois essas operações, apesar de lucrativas, apresentam altos riscos.
No calor do momento, sem exercer o controle emocional, as especulações podem gerar altos prejuízos e, por consequência, uma grande frustração.
Ademais, como os derivativos seguem as variações dos ativos como ações, commodities, índices financeiros, entre outros, é fundamental acompanhar assuntos relacionados ao mercado financeiro e as principais notícias que movimentam a Economia todos os dias.
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