A metodologia do buy and hold é uma estratégia de investimento focada exclusivamente no longo prazo, em que o investidor compra boas ações ou outros ativos e os mantém por um período prolongado, enquanto eles forem bons e mantiverem os fundamentos sólidos, independentemente das flutuações de curto prazo.
A ideia é obter ganhos com a valorização dos ativos ao longo do tempo, em vez de tentar acertar o momento certo de compra e venda.
No mercado financeiro, existem várias metodologias de investimentos, especialmente quando falamos da Bolsa de Valores. Contudo, isso não quer dizer que uma é necessariamente melhor do que a outra, mas apenas que visam objetivos diferentes.
Não existe fórmula mágica ou receita infalível quando se trata de um mercado de Renda Variável. Isso por que a Bolsa e as cotações dos ativos são regidos por expectativas sobre o futuro, que é desconhecido e imprevisível.
Neste artigo, você vai conhecer um dos métodos de investimento mais procurados pelos investidores de longo prazo, o buy and hold. Leia até o final e saiba o que é essa metodologia, como ela funciona, seus fundamentos e como fazer.
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O que é a estratégia buy and hold?
O ponto inicial sobre essa metodologia é compreender o que é o conceito de buy and hold. A ideia deste método é bastante simples e se baseia sobretudo na Análise Fundamentalista de ativos.
O buy and hold é uma metodologia de investimento de longo prazo que visa descobrir bons ativos pelo método fundamentalista e mantê-los na carteira enquanto eles forem bons e os fundamentos se sustentarem.
Em outras palavras, como no caso das ações, por exemplo, o buy & hold significa investir em boas empresas e permanecer sócio delas enquanto elas forem boas, independentemente do valor das cotações. O mesmo vale para Fundos Imobiliários, BDRs, ETFs etc.
Os investidores que adotam essa estratégia focam em empresas sólidas, com bons fundamentos, vantagens competitivas e gestão eficiente. Eles evitam operações especulativas e não vendem os ativos por variações momentâneas de preço.
O sucesso do Buy and Hold depende de análise criteriosa dos ativos, paciência e disciplina. O objetivo é aproveitar o crescimento dos negócios e o acúmulo de dividendos ao longo do tempo.
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Qual é a tradução de buy and hold? Quem é o holder?
Buy and hold é um jargão do mercado financeiro que significa, em uma tradução livre, “comprar e segurar” – ou “comprar e manter” –, isto é, quando o investidor adquire ativos que levará por muitas décadas ou até mesmo para sempre.
O interesse maior de quem faz o buy and hold, também chamado de holder, é a construção e manutenção do seu patrimônio no longo prazo com os melhores ativos financeiros.
Então, o holder está interessado tanto na valorização dos ativos no futuro quanto no recebimento de renda passiva de seus investimentos sem a necessidade se desfazer dos ativos em troca de dinheiro.
Buy and hold: a estratégia preferida de grandes investidores
Alguns famosos e investidores renomados que são conhecidos por adotar a estratégia do buy and hold incluem:
- Warren Buffett: o renomado investidor e CEO da Berkshire Hathaway é um dos maiores defensores do buy and hold. Ele aconselha os investidores a comprar ações de empresas sólidas e mantê-las a longo prazo.
- Charlie Munger: falecido recenemtene, o parceiro de investimentos de Warren Buffett na Berkshire Hathaway também foi um defensor dessa estratégia. Ele acreditava em investir em empresas de qualidade e segurá-las por um longo período.
- Peter Lynch: o ex-gerente do Magellan Fund da Fidelity Investments é conhecido por sua abordagem de investimento de longo prazo. Ele popularizou a ideia de investir em empresas com as quais os investidores estão familiarizados e acreditam no potencial de crescimento.
- John Bogle: o fundador da Vanguard Group é um defensor do investimento passivo e do buy and hold. Ele é conhecido por sua filosofia de investimento de baixo custo e longo prazo, especialmente por meio de fundos de índice.
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Como funciona a estratégia buy and hold?
Agora que você compreende o conceito, já deve vislumbrar como funciona o método. Na prática, o buy and hold funciona da seguinte maneira:
- O holder define os critérios e fundamentos para entrar em um investimento.
- Então, o investidor adquire os ativos de acordo com seu perfil de risco e objetivos.
- O holder monitora, diversifica e balanceia sua carteira e se os ativos mantém os fundamentos que ele estabeleceu.
Portanto, o holder não tem prazo de saída de um investimento e nem estabelece preço-alvo.
O objetivo dessa metodologia é se tornar sócio e se beneficiar do poder do tempo nos juros compostos. Então, o investidor vai carregar o investimento por muito tempo e sempre ficar de olho nos fundamentos que ele estabeleceu lá no começo.
Fundamentos do buy and hold e características de um holder
Afinal, quais são esses fundamentos que o holder define para escolher em quais ativos investir, especialmente quando não tem pretensão de vender, mesmo se estiver lucrando?
Os principais fundamentos são:
- Não se guiar pela emoção: o holder não deve tomar decisões pela euforia ou pânico nos mercados.
- Investir somente em bons ativos: empresas com prejuízos constantes e má governança são evitadas.
- Desconsiderar totalmente o curto prazo: as oscilações e a volatilidade do curto prazo não desviam o holder do objetivo de longo prazo.
- Fazer uma boa diversificação: uma carteira diversificada é o principal mecanismo de segurança adotado no buy and hold.
- Não seguir o que está “na moda”: o holder adquire empresas pelos bons fundamentos e não porque a empresa está “na moda”.
- Não fazer operações constantes: o investidor deste método não está interessando em trades, mas sim em se tornar sócio das melhores empresas.
- Reinvestir os dividendos: a ideia é usar os proventos recebidos para rebalancear a carteira e potencializar os juros compostos.
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Com quais ativos posso fazer buy and hold?
Prioritariamente, o buy and hold pode ser aplicado àqueles ativos em que não há prazo para terminar o investimento, tais como:
- Ações: investir com a mentalidade de se tornar sócio das empresas e permanecer enquanto elas forem boas.
- Fundos Imobiliários (FIIs): construir uma carteira com os melhores FIIs em termos de fundamentos, ou seja, baixa vacância, boa gestão, boa remuneração de cotistas, bons imóveis, etc.
- BDRs: vale a mesma metodologia das ações nacionais, mas estendendo esse conceito para empresas estrangeiras.
- ETFs: os Exchange Traded Funds são excelentes maneiras de ganhar com a valorização geral do mercado ao longo de muitas décadas.
- Títulos de longo prazo: os títulos públicos de longo prazo, especialmente aqueles que seguem a inflação, também podem fazer parte da estratégia.
- Debêntures e CRIs/CRAs de empresas confiáveis, especialmente as incentivadas.
O que são ações buy and hold?
Ações buy and hold são papéis escolhidos para investimentos de longo prazo, com base em fundamentos sólidos.
São empresas lucrativas, bem administradas, com crescimento consistente, boa governança e histórico de distribuição de dividendos.
O investidor holder mantém essas ações na carteira por anos, buscando valorização e renda passiva, sem se preocupar com oscilações diárias do mercado.
O sentimento de sócio é essencial no buy and hold porque leva o investidor a enxergar ações não como meros ativos especulativos, mas como participações em empresas reais.
Esse mindset incentiva a paciência e a confiança na qualidade dos negócios escolhidos, permitindo resistir a volatilidades do mercado sem tomar decisões impulsivas.
Além disso, ao pensar como sócio, o investidor foca no crescimento sustentável da empresa e nos dividendos, e não apenas na valorização imediata.
Vantagens: o buy and hold é uma boa estratégia?
Como dissemos anteriormente, o intuito do buy and hold é manter os ativos em carteira pelo máximo de tempo possível para potencializar os juros compostos e os ganhos no longo prazo.
Então, podemos elencar as principais vantagens do buy and hold como:
- Juros compostos: os juros compostos tem um efeito maior quanto maior for o tempo de investimento.
- Demanda menos tempo: como o holder foca no longo prazo, não há necessidade de acompanhar o mercado todos os dias e pode reavaliar os investimentos a cada 6 ou 12 meses.
- Menores custos: como há menos giro do patrimônio, há menores custos com taxas, impostos e tarifas.
- Dividendos constantes: ao manter as empresas e FIIs, o fluxo de dividendos se torna mais constante e previsível.
- Valorização no longo prazo: ganhar com a apreciação nas cotações no decorrer de décadas.
Por falar em valorização de longo prazo, confira o gráfico na imagem a seguir, elaborado pelo autor Jeremy Siegel no seu livro Stocks for the long run (Ações para o longo prazo, em português), que ajuda a demonstrar o poder do buy and hold quando executado por muitas décadas.
O autor compara o desempenho de vários tipos de investimentos desde 1802, ou seja, o que aconteceria com US$1 aplicado lá e o resultado 200 anos depois.
Perceba que as ações (stocks) ganham de lavada sobre todos os outros ativos, demonstrando o poder de valorização no longo prazo.
Neste meio tempo, o mercado passou por várias crises, mas a linha de tendência foi sempre positiva.
Fonte: Stocks for the long run – Jeremy J. Siegel
É claro que ninguém conseguirá investir por 200 anos, mas a ilustração serve como exemplo didático para compreender a importância do longo prazo para o buy and hold.
Veja também a valorização do Ibovespa, que em 2000 saiu de 15 mil pontos para 119 mil em 2020, apenas 20 anos depois.
Alguns dos demais índices relevantes para a Bolsa também podem ser visualizados no gráfico a seguir.
Como fazer buy and hold?
Enfim, como fazer o buy and hold na prática? Há alguns fatores e passos a considerar, mas tenha em mente que o objetivo é escolher os ativos pelos fundamentos que os diferenciam dos outros e não pelas cotações.
Em linhas gerais, para fazer o buy and hold, é preciso:
- Escolher bons ativos: escolher ações, BDRs e Fundos por fundamentos, isto é, lucratividade, rentabilidade, boa administração, bons diferenciais, boas margens, bom market share, controle de dívidas, boa reputação, crescimento, etc.
- Estudar cuidadosamente: cada escolha deve ser caprichosamente estudada de acordo com os fundamentos e potencial do setor.
- Valorizar a governança: aspectos de governança e ESG também devem ser levados a sério na escolha dos ativos.
- Diversificar: uma carteira de buy and hold completa está diversificada em vários setores, tipos de ativos e geograficamente.
- Crescimento x dividendos: investir tanto em empresas em crescimento (micro e Small Caps) quanto em empresas já consolidadas no mercado.
- Tempo não é tudo: além do longo prazo, é preciso considerar a rentabilidade vinda tanto pelos dividendos quanto pela valorização das cotações.
- Dividendo é consequência: o holder encara os proventos como consequência da boa atuação e produtos da empresa e não como “prêmios” ao acionista.
- Aportes constantes: para potencializar os ganhos no futuro, é fundamental realizar aportes constantes e reaplicar os dividendos.
- Manter a disciplina: evitar decisões impulsivas baseadas em oscilações de curto prazo, mantendo o foco na tese de investimento.
- Acompanhar os resultados: monitorar periodicamente os fundamentos das empresas e setores investidos para garantir que ainda fazem sentido na estratégia.
Por fim, como dissemos, é essencial ter tanto empresas pagadoras de dividendos quanto empresas de crescimento (Small Caps) na sua carteira.
Quando vender ativos no buy and hold?
Como vimos, o holder não determina um prazo nem preço-alvo para vender seus ativos. Então, isso quer dizer que não existe venda no buy and hold? Não é bem assim!
Uma vez que o investidor estabelece os fundamentos para investir em determinados ativos, ele só vai vendê-los se tais fundamentos se perderem para o longo prazo.
Por exemplo, uma empresa deixou de ser lucrativa, um Fundo Imobiliário que teve seus imóveis desvalorizados e outras situações que podem ocorrer.
Contudo, é preciso que esses fundamentos sejam realmente alterados e não sejam apenas uma variação de curto prazo. Afinal, uma empresa pode ter prejuízo em um trimestre e fechar o ano com lucro recorde, por exemplo.
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A cotação importa no buy and hold?
Então, se são os fundamentos que mandam no buy and hold, não faz sentido acompanhar a cotação diária de seus ativos.
O investidor desta metodologia deve focar no valor intrínseco dos ativos e não nos seus preços nominais (aquele mostrado na tela de cotações).
O holder considera que a valorização da cotação vai fundamentalmente acompanhar a curva de lucro líquido das empresas no longo prazo.
Outro motivo pelo qual não vale a pena acompanhar a cotação se dá pelo fato de o holder investir para o longuíssimo prazo, então, as variações de curto prazo (dias, meses ou poucos anos) não fazem diferença.
Portanto, é quase uma espécie de casamento entre o investidor e os ativos, em que a relação somente será quebrada se os fundamentos que levaram o holder a entrar em uma aplicação não existirem mais.
6 mitos sobre o buy and hold
Como toda estratégia de investimentos, o buy and hold pode vir cercado de alguns mitos que não se mostram verdadeiros na prática, tais como:
- É uma estratégia sem monitoramento: embora o conceito principal seja manter investimentos por longos períodos, isso não significa ignorar completamente a carteira. Uma abordagem bem-sucedida geralmente envolve avaliações regulares e ajustes conforme necessário.
- Não requer análise: a estratégia não exclui a análise inicial e contínua dos ativos. A escolha de bons investimentos inicialmente é crucial para o sucesso da estratégia.
- É infalível: essa estratégia não é imune a perdas. A performance dos ativos ainda pode ser afetada por mudanças no mercado, na economia e na empresa em questão.
- É apenas para ações: embora associado frequentemente a ações, o buy and hold pode ser aplicado a outros ativos, como títulos e fundos, mas a escolha depende dos objetivos do investidor.
- Significa nunca vender: apesar da ênfase na retenção, vender pode ser justificado em certas situações, como mudanças fundamentais na empresa ou na economia.
- Serve para todos os investidores: a adequação dessa estratégia varia com o perfil do investidor. Alguns podem preferir estratégias mais ativas ou têm necessidades que exigem maior liquidez.
Bolsa em queda: o que acontece com o buy and hold?
Também dissemos no decorrer do texto que o holder ignora as euforias e pânicos do mercado. Então, os movimentos de queda acentuada não afetam a sua metodologia, pois ele está de olho nos fundamentos e não nas cotações.
Quando houver quedas generalizadas no mercado, o investidor pode adotar duas posturas: reforçar as posições da sua carteira ou rebalancear a diversificação dos seus ativos caso algum tenha se valorizado/desvalorizado demais.
Portanto, o holder encara os momentos de queda do mercado com naturalidade, uma vez que entende que, na curva de longo prazo elas tendem a ser amenizadas.
Além disso, quem investe com a mentalidade de se tornar sócio, deve ficar feliz em comprar os ativos em preços cada vez mais caros.
Isso é um sinal de que seus ativos estão se valorizando e sendo cobiçados no mercado pelos bons resultados.
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