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Carry trade: qual a conexão desse conceito com as taxas de juros?

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Resumo

➡️ O carry trade é uma estratégia que consiste em captar recursos em países de juros baixos e investir em mercados de juros altos, buscando lucro no diferencial.

➡️ Seu sucesso depende não só das taxas nominais, mas principalmente das taxas reais, que descontam a inflação.

➡️ Apesar do potencial de ganho, envolve riscos relevantes, como a variação cambial e mudanças inesperadas de juros.

➡️ Por isso, é indicado apenas para investidores arrojados, já que também pode impactar diretamente a cotação do dólar no Brasil.

Imagine ganhar dinheiro aproveitando apenas a diferença entre os juros de dois países. Esse é o ponto central do carry trade, uma estratégia que pode parecer complexa à primeira vista, mas que tem uma lógica simples: tomar recursos onde os juros são baixos e investir onde eles são mais altos.

Para entender como isso funciona e por que as taxas de juros são fundamentais nessa dinâmica, é essencial conhecer a conexão direta entre política monetária, fluxo de capitais e oportunidades (ou riscos) para o investidor.

O que é carry trade?

O carry trade é uma estratégia que consiste em pegar dinheiro emprestado em um país onde os juros são baixos e aplicar em outro onde os juros são mais altos. A ideia é simples: lucrar com esse diferencial.

Mas aqui entra um ponto importante: não basta olhar apenas a taxa nominal (aquela divulgada pelo Banco Central). O que realmente importa é a taxa real, que considera a inflação.

  • Por exemplo: se um país paga juros de 8% ao ano, mas a inflação é de 6%, o ganho real é de apenas 2%. Já em outro país, os juros podem ser de 5%, mas se a inflação for de 1%, o retorno real é de 4%. Portanto, mais atrativo para o investidor.

Por falar nisso, confira a taxa de juros reais no Brasil nos últimos anos:

Ou seja, o carry trade depende diretamente desse equilíbrio: o investidor busca o lugar onde o retorno real é maior, sempre comparando os custos de financiamento em um país com as oportunidades de rendimento em outro.

É por isso que mudanças nas taxas de juros mexem tanto com o fluxo global de capitais.

Como funciona uma operação de carry trade?

Para o investidor, entender o carry trade é visualizar um “jogo” entre três forças: custo de captação, taxa de retorno e variação cambial.

Quem equilibra bem esses fatores consegue transformar um diferencial de juros em oportunidade de lucro.

Em termos simples, funciona dessa maneira:

  1. Captação em moeda de juros baixos: o investidor toma dinheiro emprestado em um país onde o custo de financiamento é pequeno, como o Japão, que historicamente tem juros próximos de zero.
  2. Conversão cambial: ele converte esse valor para a moeda de outro país com juros mais altos, como o Brasil, por exemplo.
  3. Aplicação em ativos locais: com o dinheiro convertido, aplica em títulos públicos, CDBs ou outros investimentos que rendem conforme os juros mais elevados desse mercado.
  4. Lucro no diferencial: a rentabilidade vem justamente da diferença entre o que ele paga para se financiar (juros baixos do primeiro país) e o que ele recebe ao investir (juros altos do segundo país).

O detalhe crucial está no câmbio: se a moeda do país de juros altos se desvalorizar muito em relação à de juros baixos, o ganho pode desaparecer ou até virar prejuízo.

SAIBA MAIS:
➡️ ETFs de inflação: como proteger seu dinheiro dos aumentos de preços
➡️ Déficit e Superávit: o que é e como afeta seus investimentos

O que é o carry trade no Japão?

Quando se fala em “carry trade no Japão”, o que se está destacando é que o iene japonês virou, por muitos anos, a moeda mais usada nessas operações.

Isso porque o Japão manteve juros próximos de zero (ou até negativos) por décadas. Ou seja: era muito barato pegar empréstimos em iene.

Com isso, investidores internacionais faziam o seguinte: tomavam recursos no Japão a custo quase zero, convertiam para dólares, reais, pesos ou outras moedas, e aplicavam em ativos de países com juros bem mais altos.

Esse movimento ganhou até o nome de yen carry trade.

O Japão ficou famoso nesse contexto porque oferecia a “moeda de financiamento ideal”: juros baixíssimos, estabilidade política e mercados líquidos.

Quais são as vantagens e riscos do carry trade?

O carry trade pode parecer uma estratégia tentadora, já que parte de uma lógica simples: financiar-se em moedas com juros baixos e aplicar em moedas/ativos de juros mais altos.

Mas, como em qualquer investimento, há vantagens e riscos que precisam ser considerados.

Vantagens

  • Potencial de lucro elevado: quando o diferencial de juros entre dois países é grande, os ganhos podem ser expressivos.
  • Acesso global: permite diversificar em moedas e ativos de diferentes economias.
  • Aproveitamento de ciclos econômicos: em períodos de estabilidade, essa estratégia costuma gerar retornos consistentes.

Riscos

  • Risco cambial: se a moeda do país onde se aplicou desvalorizar, o investidor pode perder todo o ganho com juros (ou até mais).
  • Volatilidade externa: crises políticas ou econômicas podem inverter expectativas rapidamente.
  • Custo de financiamento: mudanças inesperadas nas taxas de juros de países de juros baixos (como Japão ou EUA) podem encarecer a operação.

É indicada para todos os investidores?

Não. O carry trade exige conhecimento de mercado internacional, câmbio e juros, além de alta tolerância a risco.

É uma estratégia mais adequada para investidores arrojados ou institucionais, e não para quem busca segurança ou previsibilidade.

⚠️ Importante: os investimentos e ativos citados nesse conteúdo não representam recomendação de compra nem necessariamente expressam a opinião dos analistas da Toro. Consulte sempre um Assessor ou Analista de Investimentos qualificado para receber orientações da melhor diversificação e quais ativos mais indicados para o seu perfil e objetivos.

O carry trade afeta a cotação do dólar no Brasil?

Sim, o carry trade influencia diretamente a cotação do dólar e de outras moedas no Brasil.

Funciona assim: quando os juros brasileiros estão muito mais altos do que em países desenvolvidos, como EUA ou Japão, investidores estrangeiros trazem dólares para cá, convertem em reais e aplicam em títulos locais para aproveitar esse diferencial.

Logo, esse fluxo de entrada de capital aumenta a oferta de dólares no mercado e tende a valorizar o real (dólar mais barato).

Por outro lado, se o cenário muda — seja por queda de juros no Brasil, alta dos juros lá fora ou aumento do risco no país — esses mesmos investidores podem retirar recursos rapidamente, recomprando dólares. Isso gera saída de capital, menor oferta de dólares no mercado e, consequentemente, alta do dólar.

Entenda melhor como o fluxo de capital estrangeiro impacta seus investimentos no vídeo a seguir:

Dessa forma, o carry trade ajuda a explicar por que a cotação do dólar no Brasil pode oscilar tanto em resposta às decisões de política monetária aqui e no exterior.

Por fim, com o apoio de uma estrutura global, nossos especialistas avaliam o mercado de investimentos para recomendar os produtos mais adequados para sua estratégia.

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