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O que é uma guerra comercial? Veja as consequências internacionais

Resumo

➡️ Uma guerra comercial é um conflito econômico entre países que impõem tarifas e barreiras comerciais, visando proteger suas economias locais ou corrigir desequilíbrios.

➡️ As principais consequências globais de uma guerra comercial incluem inflação, risco de recessão, queda no comércio global, alta volatilidade dos mercados, impacto em setores estratégicos e desvalorização cambial.

➡️ A recente guerra comercial entre EUA e China envolveu uma série de elevações recíprocas de tarifas, afetando bilhões de dólares em comércio e gerando incerteza sobre o futuro das relações comerciais globais.

➡️ Para o Brasil, os impactos podem incluir desvalorização cambial, impacto nos preços de commodities, maior incerteza nos mercados, mas também oportunidades para exportação de produtos.

Em um cenário global cada vez mais interconectado, disputas econômicas entre países podem ter impactos profundos e duradouros.

A guerra comercial é um desses conflitos, marcada pela imposição de tarifas, barreiras comerciais e medidas protecionistas que afetam o fluxo de bens e serviços entre nações.

Mais do que uma rivalidade econômica, esse tipo de embate pode influenciar cadeias produtivas, gerar instabilidade nos mercados e afetar diretamente o consumidor e a economia global.

Neste texto, você entenderá o que caracteriza uma guerra comercial e quais são suas principais consequências para o mundo.

O que é uma guerra comercial?

Uma guerra comercial acontece quando dois ou mais países aumentam tarifas (impostos sobre produtos importados) e criam barreiras para dificultar o comércio entre eles.

Por isso, ela também é chamada de guerra tarifária.

O objetivo, geralmente, é proteger a economia e incentivar a indústria/produção local, pressionar o outro país ou corrigir desequilíbrios nas relações comerciais.

Tudo começa quando um país decide cobrar mais caro para importar certos produtos estrangeiros. Em resposta, o outro país faz o mesmo. Esse “troca-troca” de tarifas vira uma disputa, afetando empresas, preços e consumidores.

Por outro lado, na teoria econômica, segundo o livre comércio, quando países trocam bens e serviços sem barreiras, todos se beneficiam, pois cada um foca no que produz melhor (vantagem comparativa).

A guerra tarifária quebra essa lógica: reduz o comércio, eleva custos de produção e distorce os preços, o que pode levar à queda do crescimento econômico e à ineficiência no uso de recursos.

Quais são as consequências de uma guerra comercial?

Mas, afinal, como a guerra comercial afeta o mundo? Uma disputa tarifária gera incerteza, afeta lucros de empresas, muda projeções econômicas e aumenta riscos no mercado.

Isso afeta diretamente o fluxo de comércio, encarece produtos e pode desestabilizar mercados.

Os principais reflexos globais esperados são:

  1. Inflação: com tarifas mais altas, produtos importados ficam mais caros. Isso aumenta os custos para empresas e consumidores, pressionando os preços em geral.
  2. Risco de recessão: menos comércio significa menos produção, menos investimentos e menos empregos. Se a atividade econômica desacelera por muito tempo, pode haver recessão.
  3. Queda no comércio global: empresas vendem menos para o exterior e cadeias de suprimentos globais são interrompidas, afetando até países que não estão diretamente envolvidos na disputa.
  4. Alta na volatilidade dos mercados: investidores reagem ao risco e à incerteza. Bolsas de valores, moedas e commodities podem oscilar fortemente.
  5. Impacto em setores estratégicos: tecnologia, agricultura e indústria sofrem com aumento de custos e dificuldade de acesso a insumos ou mercados consumidores.
  6. Desvalorização cambial: alguns países podem desvalorizar suas moedas para tentar manter a competitividade das exportações, o que também pode gerar instabilidade.

Guerras comerciais aumenta incertezas no mercado, pode afetar empresas exportadoras, mexer com o câmbio e causar oscilações em Bolsas de Valores. É um risco geopolítico com impacto direto nas decisões de investimento.

Assim sendo, é essencial ter calma neste momento e monitorar esses movimentos para proteger ou ajustar sua carteira de investimentos.

Diante desse cenário, recomenda-se cautela por parte dos investidores, com foco em um portfólio diversificado entre classes de ativos e geografias. Uma exposição global deve incluir ativos de diferentes países, reduzindo o risco agregado da carteira.

O que é a guerra comercial entre EUA e China?

Os Estados Unidos e a China já protagonizaram uma guerra comercial em mais de um momento da história econômica. As duas grandes potencias econômicas atuais possuem diferentes objetivos com a elevação de tarifas.

Recentemente, em uma decisão protecionista, os Estados Unidos anunciaram a elevação das tarifas para produtos que entram no país importados de importantes parceiros comerciais, como China, Canadá, México, União Europeia e até mesmo o Brasil.

As medidas foram justificadas como uma tentativa de revitalizar a indústria americana, enfrentar déficits comerciais persistentes e combater práticas consideradas desleais por parceiros comerciais.

Em resposta, tanto a China quanto diversas outras nações mostraram descontentamento e implementaram ou elevaram tarifas sobre produtos oriundos dos EUA, como medida retaliatória.

A atual guerra comercial entre China e EUA é de grandes proporções.

Em 2024, o comércio bilateral entre os EUA e a China totalizou US$ 585 bilhões, mostram os dados. Os EUA tiveram um déficit comercial significativo, importando US$ 440 bilhões da China e exportando apenas US$ 145 bilhões.

Lembrando que as duas nações, juntas, respondem por cerca de 43% da economia mundial.

Ainda é impossível traçar um cenário de como e até onde essa guerra comercial pode ir. As tarifas podem forçar os líderes a costurar novos acordos de exportação x importação ou o conflito pode continuar a escalar.

Resumo: linha do tempo da guerra comercial EUA x China e outros países

A seguir, um resumo cronológico dos principais eventos entre EUA, China e demais nações:

DataEvento
01/02/2025O presidente dos EUA, Donald Trump, assina Ordem Executiva estabelecendo tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas, além das já existentes no seu primeiro mandato.
01/02/2025Novas tarifas de 25% são anunciadas pelos EUA sobre todas as importações do México e do Canadá, exceto petróleo e energia canadenses, que receberam 10%.
01/02/2025A China responde impondo tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito dos EUA e 10% sobre petróleo e máquinas agrícolas. Além disso, inicia investigações antitruste contra empresas americanas, além de controles de exportações para certos metais.
04/03/2025Os EUA elevam as tarifas de produtos chineses de 10% para 20%.
10/03/2025Nova retaliação da China impõe tarifas adicionais de 15% sobre produtos agrícolas dos EUA, como frango, trigo e milho, e 10% sobre soja e carnes.
02/04/2025Donald Trump declara o “Liberation Day”, impondo tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, com tarifas mais altas para dezenas de países, além de uma tarifa efetiva de 54% sobre produtos chineses.
09/04/2025O governo americano anuncia suspensão de 90 dias para a maioria das novas tarifas, exceto para a China, cujas cobranças foram elevadas para 125%.
09/042025A União Europeia aprova novas tarifas retaliatórias de 25% aos EUA, mas medida foi suspensa após recuo americano em relação ao Liberation Day.
10/04/2025Em nova retaliação, a China anuncia tarifas de 84% sobre produtos americanos.
12/04/2025O governo Trump decidiu que smartphones, laptops e outros eletrônicos não estarão sujeitos à tarifa de 145% imposta à China.
14/04/2025Exportações da China disparam mais de 12% em março, com guerra comercial levando empresas a antecipar remessas.
14/04/2025Os EUA iniciaram investigações sobre a segurança nacional das importações de produtos farmacêuticos e semicondutores, confirmando a declaração de Trump de que os eletrônicos não estavam isentos da tarifa.
15/04/2025A China proibiu a entrega de jatos da Boeing e solicitou que as transportadoras chinesas parem de comprar peças de aeronaves de empresas americanas. Essa ação foi uma resposta às novas tarifas impostas pelos EUA.
16/04/2025O governo dos EUA anunciou que a China agora está sujeita a tarifas de até 245% como resultado de suas “ações retaliatórias”. A informação foi divulgada em um documento oficial da Casa Branca na terça-feira (15), mas não detalha como os EUA chegaram a esse valor.
17/04/2025Os EUA anunciaram sanções contra as exportações de petróleo do Irã, incluindo uma refinaria chinesa e várias empresas que facilitam o envio de petróleo iraniano para a China.
03/05/2025O governo dos Estados Unidos anunciou que irá tarifar em 25% a importação de autopeças.
04/05/2025Os EUA anunciaram a imposição de uma tarifa de 100% sobre os filmes estrangeiros.
12/05/2025Durante 90 dias, EUA e China suspenderão temporariamente a aplicação de tarifas recíprocas.
12/05/2025Tarifas americanas sobre importações chinesas diminuirão de 145% para 30%, enquanto taxas chinesas sobre produtos americanos passarão de 125% para 10%.
26/05/2025Trump adia tarifas da União Europeia para 9 de julho, concedendo tempo adicional para negociações.
03/06/2025Em decreto, Trump dobra tarifas de importação sobre aço e alumínio para 50%, visando segurança nacional dos EUA e impactando siderúrgicas brasileiras. A medida, exceto para o Reino Unido, busca negociações mais vantajosas.
10/06/2025EUA e China chegam a um princípio de acordo para restaurar a trégua na guerra comercial, após negociações em Londres. O consenso será apresentado aos presidentes Donald Trump e Xi Jinping para aprovação, contemplando o acordo de Genebra.
26/06/2025EUA e China chegaram a um acordo para acelerar o envio de terras raras. A China removerá as restrições não tarifárias aplicadas aos EUA desde 2 de abril, que foram uma resposta às tarifas de Trump, suspendendo a exportação de minerais e ímãs estratégicos.
01/07/2025O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, alertou que, após 9 de julho, os países podem ser confrontados com tarifas mais elevadas.
01/07/2025O presidente dos EUA, Donald Trump, expressou dúvidas sobre a concretização de um acordo comercial com o Japão, indicando a possibilidade de aplicar uma tarifa de até 35% sobre produtos japoneses.
08/07/2025O presidente dos EUA, Donald Trump, notificou 14 parceiros comerciais por meio de cartas. As tarifas mínimas impostas sobre produtos importados, com validade a partir de 1º de agosto, variam de 25% a 40%.
09/07/2025Donald Trump, presidente dos EUA, enviou uma carta pública ao presidente Lula, anunciando a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. A nova alíquota está programada para entrar em vigor em 1º de agosto.
10/07/2025O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 35% sobre produtos importados do Canadá, comunicada por meio de uma carta enviada ao primeiro-ministro canadense, Mark Carney.
13/07/2025A UE adiou tarifas retaliatórias contra os EUA para 1º de agosto, buscando um acordo. Trump impôs novas tarifas de 30% sobre UE e México na mesma data para impulsionar a economia dos EUA. A UE busca novas parcerias devido às tensões.
22/07/2025EUA fecham acordo comercial com as Filipinas, reduzindo a taxa de importação para 19% (antes 20%) e isentando os EUA de tarifas. A medida evita a taxação de 20% que entraria em vigor em 1º de agosto.
22/07/2025Os EUA fecharam um acordo comercial “gigantesco” com o Japão, no valor de US$ 550 bilhões. O acordo inclui tarifas recíprocas de 15% e a abertura do mercado japonês para produtos americanos, como carros, caminhões e arroz.
24/07/2025A União Europeia (UE) aprovou um pacote de tarifas de 93 bilhões de euros contra produtos dos EUA. A medida é uma retaliação caso não haja acordo com o governo Trump, que impôs taxas de 30% sobre produtos europeus exportados para os EUA.
27/07/2025EUA e UE fecharam um acordo comercial, com tarifa de 15% para produtos europeus. A tarifa para aço e alumínio continua em 50%, mas aeronaves e remédios genéricos terão tarifa zero. A UE investirá US$ 600 bilhões nos EUA.
28/07/2025Os EUA suspenderam restrições à exportação de tecnologia para a China, buscando fortalecer um acordo comercial e apoiar os esforços do presidente Trump para um encontro com Xi Jinping. O Departamento de Comércio foi instruído a evitar medidas rígidas contra a China.
30/07/2025Donald Trump assinou um decreto impondo uma tarifa adicional de 40% (totalizando 50%) sobre produtos brasileiros. Exceções incluem suco de laranja, aeronaves, petróleo, veículos, peças, fertilizantes e produtos energéticos.
31/07/2025O Canadá foi atingido com 35%, o Brasil com 50% (excluindo alguns setores), a Índia com 25% e Taiwan com 20%. O México evitou uma tarifa de 30% em muitos produtos, mas o aço e o alumínio mexicanos permanecem com 50%. A China tem até 12 de agosto para um acordo comercial.
06/08/2025Os Estados Unidos implementaram tarifas de importação de 50% sobre produtos brasileiros. No entanto, uma extensa lista de produtos está isenta, incluindo suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.
11/08/2025Donald Trump estendeu por 90 dias a suspensão das tarifas sobre importações chinesas, com o prazo anterior terminando em 12 de agosto. A decisão, informada por uma autoridade da Casa Branca e divulgada pela CNBC, segue a sinalização de Trump de que a China tem colaborado nas negociações com os EUA.
11/05/2025A China suspendeu temporariamente as tarifas adicionais sobre produtos dos EUA por 90 dias, após ordem executiva de Donald Trump. As tarifas de 10% serão mantidas, e o governo chinês buscará eliminar barreiras não tarifárias para produtos americanos.
13/08/2025Lula anuncia um pacote de crédito de R$ 30 bilhões destinado a empresas impactadas pelo aumento das tarifas. O acesso a essas linhas de financiamento será condicionado à manutenção dos níveis de emprego. Adicionalmente, o plano contempla compras governamentais e o adiamento de impostos.

Qual efeito a guerra comercial pode gerar para o Brasil?

No caso do Brasil, o impacto inicial foi relativamente mais brando, com a tarifa limitada a 10%. Em seguida, houve o anúncio da elevação da tarifa para 50%.

Na quarta-feira, 30 de julho, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou um decreto que estabelece uma tarifa adicional de 40% sobre produtos brasileiros, totalizando 50%.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) divulgou que 44,6% das exportações do Brasil para os Estados Unidos não serão afetadas pela sobretaxa de 50%.

Todavia, a medida inclui uma extensa lista de isenções, como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos.

Após o anúncio, o presidente Lula declarou que o Brasil não aceitará qualquer tutela e que responderá a aumentos unilaterais de tarifas sobre exportações brasileiras com base na Lei da Reciprocidade Econômica.

Além disso, o país pode sentir vários efeitos importantes, tais como:

  • Desvalorização cambial: com fuga de capital dos países emergentes por medo de recessão global, o real pode perder valor, o que pressiona a inflação no Brasil.
  • Impacto nos preços de commodities: se a demanda global cair, os preços de commodities que o Brasil exporta podem recuar, afetando o agronegócio e a balança comercial.
  • Maior incerteza nos mercados: a tensão entre grandes economias aumenta a volatilidade global. Isso afeta a bolsa brasileira, o dólar e os juros, gerando riscos para investidores.
  • Oportunidades para exportação: com os EUA e a China dificultando o comércio entre si, o Brasil pode vender mais produtos para esses e outros países, como soja, carne, minério de ferro e petróleo.
  • Atraso na recuperação econômica global: uma desaceleração mundial reduz investimentos e comércio internacional, afetando o crescimento do Brasil, que depende de exportações e confiança externa.

Como acompanhar as notícias sobre a guerra comercial?

A guerra comercial gera riscos, mas também abre portas. É essencial acompanhar os desdobramentos e manter uma carteira diversificada, com atenção a setores exportadores, câmbio e juros.

Para estar por dentro das principais notícias que afetam os mercados e se atualizar sobre a guerra comercial atualmente em curso, acompanhe diariamente o Morning Call da Toro clicando no link a seguir:

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