Em um cenário global cada vez mais interconectado, disputas econômicas entre países podem ter impactos profundos e duradouros.
A guerra comercial é um desses conflitos, marcada pela imposição de tarifas, barreiras comerciais e medidas protecionistas que afetam o fluxo de bens e serviços entre nações.
Mais do que uma rivalidade econômica, esse tipo de embate pode influenciar cadeias produtivas, gerar instabilidade nos mercados e afetar diretamente o consumidor e a economia global.
Neste texto, você entenderá o que caracteriza uma guerra comercial e quais são suas principais consequências para o mundo.
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O que é uma guerra comercial?
Uma guerra comercial acontece quando dois ou mais países aumentam tarifas (impostos sobre produtos importados) e criam barreiras para dificultar o comércio entre eles.
Por isso, ela também é chamada de guerra tarifária.
O objetivo, geralmente, é proteger a economia e incentivar a indústria/produção local, pressionar o outro país ou corrigir desequilíbrios nas relações comerciais.
Tudo começa quando um país decide cobrar mais caro para importar certos produtos estrangeiros. Em resposta, o outro país faz o mesmo. Esse “troca-troca” de tarifas vira uma disputa, afetando empresas, preços e consumidores.
Por outro lado, na teoria econômica, segundo o livre comércio, quando países trocam bens e serviços sem barreiras, todos se beneficiam, pois cada um foca no que produz melhor (vantagem comparativa).
A guerra tarifária quebra essa lógica: reduz o comércio, eleva custos de produção e distorce os preços, o que pode levar à queda do crescimento econômico e à ineficiência no uso de recursos.
Quais são as consequências de uma guerra comercial?
Mas, afinal, como a guerra comercial afeta o mundo? Uma disputa tarifária gera incerteza, afeta lucros de empresas, muda projeções econômicas e aumenta riscos no mercado.
Isso afeta diretamente o fluxo de comércio, encarece produtos e pode desestabilizar mercados.
Os principais reflexos globais esperados são:
- Inflação: com tarifas mais altas, produtos importados ficam mais caros. Isso aumenta os custos para empresas e consumidores, pressionando os preços em geral.
- Risco de recessão: menos comércio significa menos produção, menos investimentos e menos empregos. Se a atividade econômica desacelera por muito tempo, pode haver recessão.
- Queda no comércio global: empresas vendem menos para o exterior e cadeias de suprimentos globais são interrompidas, afetando até países que não estão diretamente envolvidos na disputa.
- Alta na volatilidade dos mercados: investidores reagem ao risco e à incerteza. Bolsas de valores, moedas e commodities podem oscilar fortemente.
- Impacto em setores estratégicos: tecnologia, agricultura e indústria sofrem com aumento de custos e dificuldade de acesso a insumos ou mercados consumidores.
- Desvalorização cambial: alguns países podem desvalorizar suas moedas para tentar manter a competitividade das exportações, o que também pode gerar instabilidade.
Guerras comerciais aumenta incertezas no mercado, pode afetar empresas exportadoras, mexer com o câmbio e causar oscilações em Bolsas de Valores. É um risco geopolítico com impacto direto nas decisões de investimento.
Assim sendo, é essencial ter calma neste momento e monitorar esses movimentos para proteger ou ajustar sua carteira de investimentos.
Diante desse cenário, recomenda-se cautela por parte dos investidores, com foco em um portfólio diversificado entre classes de ativos e geografias. Uma exposição global deve incluir ativos de diferentes países, reduzindo o risco agregado da carteira.
O que é a guerra comercial entre EUA e China?
Os Estados Unidos e a China já protagonizaram uma guerra comercial em mais de um momento da história econômica. As duas grandes potencias econômicas atuais possuem diferentes objetivos com a elevação de tarifas.
Recentemente, em uma decisão protecionista, os Estados Unidos anunciaram a elevação das tarifas para produtos que entram no país importados de importantes parceiros comerciais, como China, Canadá, México, União Europeia e até mesmo o Brasil.
As medidas foram justificadas como uma tentativa de revitalizar a indústria americana, enfrentar déficits comerciais persistentes e combater práticas consideradas desleais por parceiros comerciais.
Em resposta, tanto a China quanto diversas outras nações mostraram descontentamento e implementaram ou elevaram tarifas sobre produtos oriundos dos EUA, como medida retaliatória.
A atual guerra comercial entre China e EUA é de grandes proporções.
Em 2024, o comércio bilateral entre os EUA e a China totalizou US$ 585 bilhões, mostram os dados. Os EUA tiveram um déficit comercial significativo, importando US$ 440 bilhões da China e exportando apenas US$ 145 bilhões.
Lembrando que as duas nações, juntas, respondem por cerca de 43% da economia mundial.
Ainda é impossível traçar um cenário de como e até onde essa guerra comercial pode ir. As tarifas podem forçar os líderes a costurar novos acordos de exportação x importação ou o conflito pode continuar a escalar.
Resumo: linha do tempo da guerra comercial EUA x China
A seguir, um resumo cronológico dos principais eventos:
Data | Evento |
---|---|
01/02/2025 | O presidente dos EUA, Donald Trump, assina Ordem Executiva estabelecendo tarifa adicional de 10% sobre as importações chinesas, além das já existentes no seu primeiro mandato. |
01/02/2025 | Novas tarifas de 25% são anunciadas pelos EUA sobre todas as importações do México e do Canadá, exceto petróleo e energia canadenses, que receberam 10%. |
01/02/2025 | A China responde impondo tarifas de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito dos EUA e 10% sobre petróleo e máquinas agrícolas. Além disso, inicia investigações antitruste contra empresas americanas, além de controles de exportações para certos metais. |
04/03/2025 | Os EUA elevam as tarifas de produtos chineses de 10% para 20%. |
10/03/2025 | Nova retaliação da China impõe tarifas adicionais de 15% sobre produtos agrícolas dos EUA, como frango, trigo e milho, e 10% sobre soja e carnes. |
02/04/2025 | Donald Trump declara o “Liberation Day”, impondo tarifa mínima de 10% sobre todas as importações, com tarifas mais altas para dezenas de países, além de uma tarifa efetiva de 54% sobre produtos chineses. |
09/04/2025 | O governo americano anuncia suspensão de 90 dias para a maioria das novas tarifas, exceto para a China, cujas cobranças foram elevadas para 125%. |
09/042025 | A União Europeia aprova novas tarifas retaliatórias de 25% aos EUA, mas medida foi suspensa após recuo americano em relação ao Liberation Day. |
10/04/2025 | Em nova retaliação, a China anuncia tarifas de 84% sobre produtos americanos. |
12/04/2025 | O governo Trump decidiu que smartphones, laptops e outros eletrônicos não estarão sujeitos à tarifa de 145% imposta à China. |
14/04/2025 | Exportações da China disparam mais de 12% em março, com guerra comercial levando empresas a antecipar remessas. |
14/04/2025 | Os EUA iniciaram investigações sobre a segurança nacional das importações de produtos farmacêuticos e semicondutores, confirmando a declaração de Trump de que os eletrônicos não estavam isentos da tarifa. |
15/04/2025 | A China proibiu a entrega de jatos da Boeing e solicitou que as transportadoras chinesas parem de comprar peças de aeronaves de empresas americanas. Essa ação foi uma resposta às novas tarifas impostas pelos EUA. |
16/04/2025 | O governo dos EUA anunciou que a China agora está sujeita a tarifas de até 245% como resultado de suas “ações retaliatórias”. A informação foi divulgada em um documento oficial da Casa Branca na terça-feira (15), mas não detalha como os EUA chegaram a esse valor. |
17/04/2025 | Os EUA anunciaram sanções contra as exportações de petróleo do Irã, incluindo uma refinaria chinesa e várias empresas que facilitam o envio de petróleo iraniano para a China. |
Qual efeito a guerra comercial pode gerar para o Brasil?
No caso do Brasil, o impacto foi relativamente mais brando, com a tarifa limitada a 10%. Ainda assim, tramita no Congresso um projeto de lei que autoriza uma possível retaliação contra as barreiras impostas.
Além disso, o país pode sentir vários efeitos importantes, tais como:
- Desvalorização cambial: com fuga de capital dos países emergentes por medo de recessão global, o real pode perder valor, o que pressiona a inflação no Brasil.
- Impacto nos preços de commodities: se a demanda global cair, os preços de commodities que o Brasil exporta podem recuar, afetando o agronegócio e a balança comercial.
- Maior incerteza nos mercados: a tensão entre grandes economias aumenta a volatilidade global. Isso afeta a bolsa brasileira, o dólar e os juros, gerando riscos para investidores.
- Oportunidades para exportação: com os EUA e a China dificultando o comércio entre si, o Brasil pode vender mais produtos para esses e outros países, como soja, carne, minério de ferro e petróleo.
- Atraso na recuperação econômica global: uma desaceleração mundial reduz investimentos e comércio internacional, afetando o crescimento do Brasil, que depende de exportações e confiança externa.
Como acompanhar as notícias sobre a guerra comercial?
A guerra comercial gera riscos, mas também abre portas. É essencial acompanhar os desdobramentos e manter uma carteira diversificada, com atenção a setores exportadores, câmbio e juros.
Para estar por dentro das principais notícias que afetam os mercados e se atualizar sobre a guerra comercial atualmente em curso, acompanhe diariamente o Morning Call da Toro clicando no link a seguir: