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Todo Mundo em Pânico 3: começa a quarentena

Se parecia que não podia piorar, apertem os cintos. O pânico agora é generalizado, não apenas com a Bolsa de Valores, mas com a situação delicadíssima pela qual passa o mundo. No Brasil, o número de casos continua crescendo de forma rápida. É preciso pôr os pés no chão, será um período difícil. Quanto vai durar? É impossível saber. E vai depender integralmente de como vamos lidar com essa crise.

Mas o mundo não vai acabar, tá? É nossa responsabilidade passar calma neste momento. Façam sua parte, fiquem em casa, lavem as mãos. NÃO viajem. Por pior que seja a situação, ela vai passar, mais cedo ou mais tarde.

Os governos já começam a desenhar todo o tipo de estratégias para enfrentar a disseminação do coronavírus. Mais estímulos devem ser anunciados ao longo dos próximos dias e semanas. Para quem continua de olho nos investimentos, tem muita oportunidade pipocando. Várias empresas descontaram demais, outras devem resistir bem ao período de quarentena. E sabe o que não para? A temporada de balanços! Segue o jogo.

Os destaques da semana:

  • Política e Economia: Não vai ser fácil.
  • Corporativo: Quarentena e um dos últimos episódios da Temporada de Balanços.
  • Em destaque: Subiu mais.
  • Torocast: Como lidar?
  • No exterior: Mercado externo e coronavírus. 

A hora da verdade.

O problema já está posto, a questão é o que faremos a partir de agora. Em um movimento já amplamente antecipado pelo mercado, o Banco Central cortou a taxa Selic para 3,75%. O intuito é tentar sustentar a economia e aliviar as condições de crédito em um momento em que empresas mais endividadas podem passar por problemas de solvência.

Para além dos instrumentos monetários, todas as atenções se voltam para as medidas que o governos federal e os governos estaduais irão tomar. A quarentena generalizada é vital para a contenção do contágio, algo que vem sendo implementado em alguns locais mas ainda não é uma política nacional.

A principal dificuldade é a preocupação com a economia. Uma restrição desse tamanho terá impactos severos sobre a receita de empresas de todos os setores. Os dados preliminares da China já confirmam essa leitura.

A segunda dificuldade é com a manutenção do emprego. Para os trabalhadores com carteira assinada, o risco é de demissões caso seus empregadores passem por dificuldades mais sérias durante o período de quarentena. Para os trabalhadores informais, a situação é ainda mais delicada, uma vez que esse segmento normalmente trabalha com pagamentos diários. Ou seja, quem não sair de casa, fica sem receber.

É aí que a atuação do governo vai ser mais importante neste primeiro momento: garantir alguma proteção a essas pessoas para que elas consigam ficar em casa. O mesmo tipo de alívio terá que ser dado às empresas mais atingidas, como é o caso do setor aéreo. Algumas propostas já têm sido ventiladas, mas pouca coisa concreta por enquanto.

Já num segundo momento, políticas contra-cíclicas de fomento à economia devem entrar em pauta. A declaração de estado de calamidade pública aprovada pelo Congresso já é um passo nessa direção. Com ela, o governo federal é liberado de várias limitações legais ao aumento do gasto público, o qual, em uma situação como essa, poderá ser vital para a retomada do crescimento.

Quarentena.

Chegou a hora de ter que falar sobre o coronavírus também no Corporativo. A pandemia, que antes interrompeu a atividade em outros pontos ao redor do mundo, chegou ao Brasil.

Muitos não esperavam a palavra “quarentena” fora dos filmes se tornando realidade dessa forma, pois ela se materializou e em vários pontos no mundo já vemos ruas quase desertas, pessoas com medo de sair de casa, governos tomando medidas restringindo a circulação pelas ruas, inclusive no Brasil.

E por que falar sobre a pandemia na seção em que falamos sobre empresas? Simples, o primeiro motivo é que o desenvolvimento do vírus roubou o protagonismo de praticamente qualquer outra notícia do cenário corporativo nas últimas semanas. E o segundo motivo é que os impactos da pandemia para as empresas se tornam cada vez mais relevantes.

Já vemos uma corrida de uma grande quantidade de empresas e pessoas para se adaptarem ao Home Office, muitas pela primeira vez usando esse tipo de regime de trabalho. Outras empresas estão:

  • Fechando lojas, como as Lojas Renner (LREN3).
  • Fechando fábricas, como a Riachuelo do Grupo Guararapes (GUAR3), e a Ford.
  • Contraindo empréstimos, como a Unidas (LCAM3).
  • Dando férias coletivas para funcionários, como a Grendene (GRND3) e a General Motors.
  • Sofrendo com cancelamentos e aguardado ajudas do governo, como Gol (GOLL4), Azul (AZUL4) e CVC (CVCB3).
  • Reduzindo horários de funcionamento ou fechando shoppings, como a brMalls (BRML3), a Aliansce Sonae (ALSO3) e a Multiplan (MULT3).
  • Limitando compras e criando horários apenas para Idosos comprarem, como os supermercados do Grupo Pão de Açúcar (PCAR3).

Sim, as empresas ainda estão divulgando resultados.

Em meio a toda essa turbulência, as empresas continuaram divulgando seus números referentes ao 4º trimestre de 2019.

As construtoras Cyrela (CYRE3) e EzTec (EZTC3) anunciaram resultados que demonstraram efeitos da retomada da construção civíl do Brasil em 2019. Ambas apresentaram bons resultados, com destaque para a EzTec quase triplicando seu lucro de 2018 para 2019. As duas reportaram também caixa forte e endividamento sob controle.

Divulgaram também seus resultados: Lojas Marisa (AMAR3), Copasa (CSMG3), Cemig (CMIG4), C&A (CEAB3), Tenda (TEND3) e Centauro (CNTO3).

Em terra de Circuit Breaker…

…quem sobe 12% na semana é rei. E com essa chamada queremos destacar o desempenho de alguns ativos. Não que eles tenham superado o cenário de crise. Também não significa que as quedas acabaram, mas, enquanto a maioria das ações continuaram a cair, determinados setores se destacaram pela recuperação de uma parte das perdas, ainda que bem pequena, quando comparada com o tamanho da pancada das últimas semanas.

Em terceiro lugar, ela, que até os 45 minutos do segundo tempo subia mais de 5%, mas acabou fechando a semana em leve queda: Pão de Açúcar (PCAR3). A dona do da marca Assaí tem mudado bastante nos últimos tempos, seja pela conversão de suas ações, que passaram de preferenciais para ordinárias, seja pela reestruturação e pelos investimentos que ela tem feito no segmento atacadista.

O GPA não tem ficado pra trás, mesmo que na corrida pelos clientes ainda tenha perdido espaço para alguns concorrentes. Certo é, os carrinhos não estão tão cheio como eles gostariam, mas ao menos uma cestinha o consumidor tem levado, seja o consumidor do mercado físico ou acionário.

Em segunda lugar, ela que tem se feito cada vez mais presente no nosso dia a dia. Não que a gente queira, afinal, ninguém gosta de ficar doente, mas é necessário: Raia Drogasil (RADL3), subindo pouco mais de 2%. Um antigo ditado diz “enquanto uns choram, outros vendem lenço”. Para Raia Drogasil, enquanto uns gripam, outros vendem analgésico. No fim, o ativo acabou entrando para a carteira de alguns investidores que acabam vendo as ações da farmacêutica com possível performance positiva diante do atual cenário.

Em primeiro lugar, subindo mais de 12%, um dos responsáveis pelo abastecimento da despensa da família brasileira, ele: Carrefour Brasil (CRFB3). A varejista tem conquistado o mercado não é de agora. Sua posição estratégica, que visa fechar parcerias e realizar aquisições, tem mostrado que os outros hipermercados devem ficar de olhos abertos.

No curto prazo, vivemos um cenário em que muitas pessoas estão dentro de casa, em quarentena para conter a disseminação do coronavírus. É possível que o fluxo diário de consumidores não seja o mesmo dentro dos supermercados, ao mesmo tempo, muita gente já encheu a despensa. Cabe ao Carrefour e a seus pares entender qual será a real demanda dentro desse contexto. Tudo o que sabemos é que os impactos virão já na próxima divulgação de resultado, então a hora de trabalhar é agora.

E agora, o que eu faço?

Se o momento é conturbado, o mais importante é saber como lidar psicologicamente com as turbulências. No Torocast #28, eu e Pedro Nieman conversamos sobre as oportunidades que surgem nesse cenário, mas também como navegar em direção a resultados robustos no longo prazo.

E um conteúdo bônus: nesta sexta-feira (20) gravei uma live com nosso sócio-diretor, André Barbosa, sobre a procura do melhor momento de compra. Será que já chegamos no fundo da Bolsa? Confere lá!

Coronavírus e seus impactos no exterior.

Infelizmente, mundo afora os infectados pelo coronavírus ainda estão aumentando, mais de 270 mil pessoas deram positivo para o exame e já houveram mais de 11 mil mortos pela doença até o fim da tarde desta sexta-feira (20/03). Alertamos para redobrar a atenção, adotando a quarentena e cuidando ainda mais da higiene. 
 
Os impactos na economia também já podem ser sentidos. Muitas empresas começaram a demitir funcionários ou até mesmo a fechar as portas por tempo indeterminado. Nos EUA, as Companhias aéreas já começaram a sofrer bastante com a situação, pedindo assistência ao Governo em cerca de U$50 bilhões, algo parecido como o que foi feito no 11 de setembro, para minimizar os impactos. A Califórnia tomou medidas mais duras de circulação de pessoas, estado com 40 milhões de habitantes e que tem uma das situações mais críticas da América do Norte.
 
Em coletiva nesta semana, o presidente Donald Trump falou pela primeira vez que os EUA podem ter uma recessão neste ano. As Bolsas internacionais reagiram de forma muito negativa, o que levou a mais uma semana de fortes quedas, embora de quinta para sexta-feira (20) tenha havido um certo alívio. Muitos economistas e instituições importantes já começa a precificar uma queda de -1,5% do PIB da maior economia do mundo. 
 
Já a Alemanha cogita bloqueio total. Nesta semana o País fechou as fronteiras e a chanceler alemã, Angela Merkel, pediu que a população ficasse em casa, fechando também o comércio, restringindo viagens longas e orientando o cancelamento de férias fora do País. A União Europeia veio a reboque, fechando também as suas fronteiras. 
 
Por enquanto, o país que mais sofre com a pandemia é a Itália. O números de mortos pela doença já ultrapassam os da China, situação que lamentamos muito. A ordem agora é de fechamento de todos os serviços que não sejam essenciais e isolamento total. 
 
Contudo, os governos estão se mobilizando para conter os impactos na economia. Nos EUA, existe a tramitação de mais medidas emergência que giram na casa de U$500 bilhões, dinheiro que deve ir tanto para as famílias, empresas e mercado financeiro. O FED, Banco Central Americano, cortou mais uma vez a taxa de juros, para a faixa de 0,00% e 0,25%. Já o Banco Central Europeu deve acrescentar mais 750 bilhões de euros em compra de títulos do setor privado. É cedo pra saber se será suficiente.

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