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Se essa Bolsa não virar…

Olê, olê, olá! É carnaval! Alegria no ar! Mas no mercado financeiro nem tudo é samba. Bem que o Ibovespa resistiu as pressões do coronavírus nas últimas semanas, mas a falta de uma resolução mais contundente da epidemia começou a castigar a Bolsa brasileira.

O sinal mais forte dos impactos que essa crise pode gerar foi o anuncio de queda na produção da Apple por falta de componentes produzidos na China. Os investidores ligaram o alerta para os transtornos causados pela paralisia do maior celeiro industrial do mundo.

Como nossos leitores já estão cansados de saber. Quando as coisas vão mal lá fora, o cenário é quase sempre o mesmo: a Bolsa cai e o dólar sobe. Em um repeteco de semana passada, o câmbio disparou, o Banco Central atuou e o cenário pouco mudou. 

Mesmo assim, enquanto os foliões saem às ruas, a temporada de balanços continua mostrando fortes resultados de empresas importantes como Petrobras e IRB. E o bloco dos IPOs também tem desfilado. O carro alegórico da vez foi a estréia de Priner, mas outros já estão marcados para saírem nos próximos meses. Fiquem de olho!

Os destaques da semana:

  • Política e Economia: A disparada do dólar, o retorno.
  • Corporativo: Carne gringa, mais uma semana de IPO e Balanços.
  • Em destaque: Supermercados fazendo compras.
  • Torocast: O futuro de Priner.
  • No exterior: Apple e o Coronavírus. 

Vale a pena ver de novo.

Em um repeteco da semana passada, o movimento do dólar foi o centro dos debates. Após novas altas e novas declarações do governo de que o câmbio alto não preocupa, os investidores voltaram a apostar na compra da moeda americana e levaram o câmbio para cima dos R$4,38. Assim como na semana passada, o Banco Central não deixou barato e interviu pesadamente na venda, forçando as cotações para baixo. 

Na última edição desta newsletter, já havíamos advertido que a atuação do Banco Central não surtiria efeito no médio-longo prazo. Mesmo com as intervenções, o dólar segue firme rumo aos R$4,40, em meio às preocupações com o coronavírus e seus impactos sobre a economia global.

Para coroar o clima de aversão ao risco, os dados do IPCA-15 trouxeram desaceleração da inflação, o que sinaliza baixo dinamismo econômico. E essa situação não passou despercebida pelos consumidores. O Índice de Confiança do Consumidor, medido pela FGV, mostrou recuo para 87,8 pontos. Vale lembrar que os valores abaixo de 100 pontos indicam pessimismo, ou seja, os consumidores confiam gradativamente menos na recuperação econômica.

Império intercontinental.

A JBS (JBSS3) anunciou a aquisição da Empire Packing, uma empresa americana de produtos prontos para o consumo (que vêm em bandejas prontos para serem cozidos). A aquisição, que sai por US$238 milhões, inclui 5 fábricas espalhadas pelos Estados Unidos e  a marca Ledbetter.

A nova aquisição é uma demonstração da Companhia do comprometimento em diversificar a oferta de produtos e fortalecer a operação americana. A JBS USA já é responsável por mais da metade da receita do grupo e seu fortalecimento é positivo, ainda mais com o patamar atual do câmbio.

Temporada de IPOs!

Dando continuidade a uma sequência da IPOs, em um mercado de ofertas públicas aquecido, tivemos nessa semana o IPO da Priner (PRNR3).

Após a precificação da oferta no piso da faixa, em R$10, o que talvez tenha sido o IPO mais bem falado do ano até então, teve uma grande demanda por pessoas físicas, que levaram 40% do total da oferta. O rateio para as pessoas físicas ficou na faixa de 5%, ou seja, é como se a cada 100 ações que o investidor reservou, ele conseguiria levar apenas 5.

A Empresa abriu na Bolsa na segunda-feira cotada em R$13,38, uma alta de 33,8% em relação ao preço da oferta, e chegou em uma máxima de R$16,64 na terça-feira (18), mais de 66% de alta.

Temporada de Balanços!

Nessa semana tivemos a divulgação diversos resultados importantes, desde a polêmica e aguardada divulgação dos resultados da IRB (IRBR3) à divulgação de resultados das duas empresas de maior peso no Ibovespa (uma delas batendo recordes).

A Petrobras (PETR4) reportou o maior lucro já reportado entre empresas brasileiras de capital aberto: um total de R$40,1 bilhões em 2019. Além disso, aspectos como avanços nos desinvestimentos e geração de caixa agradaram e nos deixam ainda mais otimistas com a Empresa.

A Vale (VALE3), por outro lado, decepcionou, com revisões e incertezas ainda acerca das provisões e desdobramentos da tragédia de Brumadinho – MG. A Companhia fechou 2019 com prejuízo de R$6,6 bilhões.

Também divulgaram resultados ao longo da semana empresas como: Intermédica (GNDI3), Carrefour (CRFB3), IRB (IRBR3), Lojas Americanas (LAME4), B2W (BTOW3), Sul América (SULA11), Raia Drogasil (RADL3), Fleury (FLRY3), PetroRio (PRIO3),  Grupo Pão de Açúcar (PCAR4), Marfrig (MRFG3), Smiles (SMLS3), Telefônica (VIVT4).

Vamos às compras.

Vem o crescimento econômico, as pessoas enchem o carrinho de compra, recua, as pessoas esvaziam o carrinho. E, assim, o setor de varejo acaba sendo o que mais sente essas oscilações. Atualmente, estamos vivendo um cenário de melhora (ainda que lenta) dos dados econômicos e as empresas do setor de produtos alimentícios sabem bem disso, tanto é que os grupos Carrefour (CRFB3) e Pão de Açúcar (PCAR4) têm investido pesado no atacarejo, segmento que tem salvado essas empresas trimestre a trimestre. 

De um lado, temos o Carrefour Brasil comprando 30 lojas do Makro Atacadista, na intenção de ampliar sua atuação nesse segmento e aumentar suas vendas em mais de 60%. Do outro lado, temos o Grupo Pão de Açúcar direcionando cada vez mais esforços a fim de estender a receita que tem com o Assaí, a marca de atacarejo do grupo. 

Voltando ao Carrefour, o grupo que já é dono do Atacadão pretende fazer uma reforma e transformar as lojas do Makro em Atacadão em aproximadamente um ano. Isso vai fortalecer a presença geográfica da marca, além de acelerar o crescimento do atacarejo, que tem sustentado os últimos resultados do setor de um modo geral.

Então, senhores hipermercados, liguem o sinal de alerta, reponham as prateleiras com sabedoria, ampliem a diversificação de seus produtos, mas fiquem atentos aos índices de confiança do consumidor. Como vocês já sabem: recuou, carrinhos vazios, avançou, carrinhos cheios. 

Priner, a nova no pedaço.

Como falamos nas últimas semanas, a Priner (PRNR3), empresa de serviços e manutenção industrial, abriu seu capital na Bolsa. Por isso, conversei com Lucas Carvalho no Torocast #25 sobre as perspectivas para a empresa e se já está na hora de apostar nela. Confere lá!

A maçã caiu, mas não pela gravidade.

Na terça-feira (18), os mercados acordaram no negativo com o anúncio de que uma das maiores empresas de tecnologia do mundo, a Apple, cortou a estimativa do número de vendas no ano e, portanto, reduziu as projeções do lucro trimestral da Companhia. Um fator relevante do anúncio: o motivo foi justificado pelos impactos causados pelo coronavírus. Com isso, as preocupações de risco global aumentaram novamente. 
 
Imaginem: para chegar ao produto final, as fábricas dependem de vários componentes/peças. Se um elo falha na cadeia de produção, o produto final não será entregue. 
 
As paralisações na produção, o atraso na volta – ainda mais lenta – das operações, o fechamento de algumas lojas na China e a baixa demanda do mercado chinês são as principais influências para o resultado ruim e abrem ainda a discussão da dependência do país asiático nos negócios da Companhia. 
 
Porém, a influência negativa no mercado não veio do resultado em si, mas da percepção de ser só o começo de uma sequência de balanços e dados econômicos ruins. A ideia de controle do vírus ainda é vigente, mas o impacto na economia, anteriormente visto como limitado, devido a todos os esforços dos agentes governamentais, se agrava com o cenário atual. 
 
Os próximos balanços e dados da China e dos EUA irão ditar o humor do mercado ao decorrer dos próximos meses. Apesar de ainda alarmista, não podemos descartar o choque em outros setores da economia. Seguimos monitorando o desenrolar das consequências causadas pelo vírus.

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