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Muita calma nessa hora.

O coronavírus continua no ar (e na mente dos investidores). A semana foi de grande volatilidade. O Ibovespa chegou a subir mais de 3%, mas devolveu boa parte das altas depois que um novo método de diagnóstico do vírus inflou drasticamente as estatísticas. Que fique claro que isso não significa que a contaminação aumentou muito, mas o medo nem sempre é completamente racional.

No Brasil, o reflexo foi o de sempre: dólar disparando e o Banco Central tendo que atuar para diminuir o ímpeto dos especuladores. As declarações de Paulo Guedes durante a semana sobre o patamar do câmbio só reforçaram a aposta em novas altas, movimento que deve continuar no médio prazo.

Mesmo com toda a turbulência, a temporada de balanços segue a todo vapor e trouxe alguns exemplos de como crescimento ou queda de lucro não é tudo quando se avalia uma empresa. Os balanços trouxeram também o já clássico debate sobre o futuro do setor bancário. E pra quem gosta de uma polêmica, vale conferir o último Torocast sobre IRB. Não é BBB, mas não se fala de outra coisa no mercado.

Os destaques da semana:

  • Política e Economia: Dólar dispara.
  • Corporativo: BMG, IPOs e Temporada de Balanços.
  • Em destaque: Digital x bancões.
  • Torocast: IRB no holofote.
  • No exterior: Coronavírus e declarações de Powell. 

Efeito boomerang.

As turbulências externas continuam e, com elas, a pressão sobre o câmbio. Com o receio de que o coronavírus trave a economia mundial, investidores fogem para mercados mais seguros e retiram dinheiro do Brasil. Não ajudam neste caso as recentes quedas na taxa de juros, uma vez que tornam o País menos atrativo ao menos para o investimento em renda fixa.

Não ajudou também a declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, que, além de gerar muita polêmica, sinalizou que o governo não se preocupa com o atual patamar do dólar. A posição em si, não é necessariamente um problema. De fato, um câmbio mais desvalorizado favorece as exportações, protege a indústria local da competição externa e atrai turistas para o Brasil. Por outro, claro, encarece tudo que vem de fora e até aquela viagem pra Disney no final do ano.

Não é a primeira vez que Guedes dá declarações nesse sentido. Assim como da outra vez, os investidores saíram comprando dólares, apostando na sua escalada. Também como da outra vez, o Banco Central não deixou barato e interviu pesadamente para conter o movimento especulativo.

Após bater recorde e romper a região de R$4,38, a divisa americana voltou a negociar mais próxima de R$4,30. A atuação do BC surtiu efeito para conter a especulação de curto prazo, mostrando que a autoridade monetária não vai permitir movimentos excessivamente voláteis. Resta ainda saber, contudo, se esse movimento continuará na próxima semana.

De qualquer forma, a tendência atual de alta não deve ser freada. Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, já sinalizou várias vezes que o câmbio por enquanto não parece afetar a inflação, verdadeiro foco das políticas do Banco. Portanto, cuidado ao planejar viagens ao exterior, elas não devem ficar mais baratas tão cedo.

Heineken, a cerveja do carnaval?

Nesta semana, às vésperas do carnaval e do resultado de Ambev (ABEV3), a holandesa Heineken divulgou o crescimento de suas vendas globais com destaque para o crescimento no mercado brasileiro.

A Ambev já sente o aumento da concorrência e luta para manter sua liderança de mercado, que já foi soberana. Dados fortes da Heineken indicam cada vez mais o fortalecimento da concorrente no Brasil.

Além da marca “Heineken”, que é seu carro chefe, o portfólio do grupo holandês conta também com marcas como Sol, Kaiser, Eisenbahn e Glacial, que cada vez beliscam um pedaço maior do mercado da Ambev.

No ano, a Ambev já cai mais de 10% e sobe a expectativa para divulgação dos seus resultados dia 27/02, quase carnaval, que devem indicar os impactos do mercado mais competitivo e por à prova a cultura e a capacidade de adaptação da gigante cervejaria brasileira

Temporada de IPOs!

O mercado de ofertas públicas vem se mostrando bem animado em 2020. A estreante na Bolsa desta semana é a Moura Dubeux (MDNE3).

A Moura Dubeux é uma construtora e incorporadora que já atua no Nordeste há mais de 30 anos. A oferta pública inicial da Companhia movimentou R$1,25 bilhão, com precificação de R$19,30 por ação. Os valores serão destinados principalmente para a redução da dívida e reforço de caixa.

Temporada de Balanços!

Dando continuidade à temporada de balanços do 4º trimestre de 2019, tivemos ao longo desta semana a divulgação de resultados relevantes.

A Suzano (SUZB3) reportou, na quarta-feira (12), lucro líquido 61% inferior ao registrado no 4º trimestre de 2018. Entretanto, o papel fechou o dia subsequente à divulgação do balanço em alta de 3,25%, um exemplo de porquê análise de investimentos não se resume a analisar a variação do bottom-line (referência ao lucro líquido, “última linha” da demonstração de resultados). A Empresa conseguiu reverteu o prejuízo do terceiro trimestre, revisou positivamente os ganhos de sinergia da fusão com a Fibria e avançou na desestocagem de celulose, melhorando a perspectiva de longo prazo para o papel.

O Banco BMG (BMGB4), por outro lado (e para fortalecer nosso exemplo), apresentou lucro líquido cerca de 4 vezes maior no 4T19 do que no mesmo período do ano anterior. E o que aconteceu com as ações? Chegaram a bater quase 20% de queda na sexta-feira (14). O crescimento relevante de despesas e de provisões, mudanças no guidance e certa falta de “disclosure” e de comunicação influenciaram negativamente a imagem do Banco perante o mercado.

Também divulgaram resultados ao longo da semana: Usiminas (USIM5), BTG Pactual (BPAC11), Banco Inter (BIDI4), Banco do Brasil (BBAS3), Tim (TIMP3), Banrisul (BRSR6), Itaú (ITUB4), Log (LOGG3), Totvs (TOTS3) e Grendene (GRDN3).

Desbancando os bancos?

Não é de hoje que a guerra entre os bancos tradicionais e digitais acontece. Enquanto os digitais vêm numa proposta de corte de taxas, com atendimento virtual e focando no público mais jovem, os tradicionais tem a vantagem de atender demandas que ultrapassam o serviço puramente bancário, além de serem marcas que já são bem consolidadas, afinal de contas quem é o banco laranja? (Itaú ou Inter?).

A despeito das preferências de cada cliente, o fato é que muita gente ficou com medo depois da queda brusca que os bancos tradicionais sofreram do começo do ano pra cá. Na outra ponta, o segmento digital acabou caindo no gosto do povo, seja por suas isenções de tarifas, pelo carisma no atendimento ou simplesmente porque um amigo te enviou um convite do Nubank. Independente do motivo, a pergunta que não quer calar: é hora de trocar o tom de laranja?

Muita calma nessa hora… De fato, acreditamos que o crescimento dos bancos digitais é inevitável, não apenas pelo modelo de negócio, mas pelo momento econômico que o Brasil vive. No entanto, não podemos ignorar a entrega de resultados dos bancões. Estamos na temporada de balanços e a maioria deles entregou números surpreendentes. O lucro líquido não ajustado pela inflação de 2019 do Itaú (ITUB4), por exemplo, foi o maior da história dos bancos no País. Fora isso, a estrutura do Itaú e dos outros bancos permite que eles consigam migrar entre diferentes negócios, explorando segmentos que hoje os digitais ainda não conseguem.

Ou seja, não tá confortável pra ninguém, enquanto os bancões vão ter que manter o sinal de alerta, os digitais precisam se atentar para a força que os tradicionais ainda tem. Fato é que quem conseguir tomar a frente na corrida leva o pódio.

A crise de IRB Resseguros.

No Torocast #24, conversei com o analista Daniel Herrera sobre as recentes polêmicas que envolveram a IRB Resseguros (IRBR3) e que levaram as ações a caírem mais de 20% nas últimas semanas. Será que é a hora de comprar ou melhor ficar de fora dessa?

Preocupação incubada.

A cautela dos mercados com o desenrolar sobre o coronavírus ainda persiste, com investidores atentos à notícia de que os impactos do vírus pode estagnar o PIB global.

As notícias preocupam. Um navio cruzeiro permanece em quarentena no porto de Yokohama, Japão, e registra 44 casos diagnosticados de coronavírus. Países asiáticos como Indonésia e Singapura pedem reforço fiscal e sofrem com a diminuição do turismo na região. Pequim faz pedido às empresas para que aumentem a produção industrial depois de meses de paralisação.

No final da semana, as bolsas corrigiram um pouco o movimento de alta por conta de um novo método de diagnosticar o vírus. Isso causou um aumento significativo de novos casos nas estatísticas e elevou o temor da disseminação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) ressalta que o aumento dos casos não espelha necessariamente uma alta de novas infecções.

Ainda ficamos receosos com os próximos capítulos sobre o vírus, porém continuamos vendo a situação como controlável no médio prazo.

FED monitora risco global.

Logo na segunda-feira (10), o S&P500 – principal índice das bolsas norte-americanas – terminou o dia nas máximas e bateu novo recorde de olho nos resultados de balanços corporativos e no discurso do presidente do FED, Jerome Powell.

Powell destacou que o BC norte-americano está atento aos possíveis choques relacionados ao vírus e que a política monetária está apropriada para o contexto. Os fortes dados econômicos americanos vistos nas últimas semanas, junto com o desemprego e a inflação controlada, dão o cenário de conforto ao FED, juntamente com o cenário mais controlado do coronavírus.

Assim, viu-se um alívio nas bolsas globais. Falas do presidente chinês, Xi Jinping, dizendo que a China cumprirá as metas econômicas deram o tom para que os Bancos Centrais mundiais façam o possível para não deixar o crescimento minguar.

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