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O que é e como funciona um Fundo de Crédito Privado?

O Fundo de Crédito Privado é uma modalidade de Fundo de Investimento que investe em títulos de Renda Fixa emitidos por empresas privadas. Eles oferecem a oportunidade de diversificação de portfólio, além de potencialmente fornecerem retornos mais elevados do que os investimentos de Renda Fixa tradicionais.


Com a alta da Taxa Selic e da inflação nos últimos anos, os investimentos de Renda Fixa têm ganhado cada vez mais destaque. 

Os Fundos de Crédito Privado, por exemplo, encerraram 2021 com saldo positivo, de acordo com pesquisa divulgada pelo portal E-Investidor. No estudo, foram analisadas as captações líquidas, o patrimônio líquido, a rentabilidade e o número de cotistas de 1.912 Fundos de Crédito Privado existentes no mercado. 

O resultado mostrou que o crescimento de cotistas nesse tipo de investimento foi de 66% no período de 1 ano. Em relação à captação líquida, o aumento foi de 978% entre 1º de dezembro de 2020 até 23 de dezembro de 2021. O patrimônio líquido também teve um crescimento considerável: 59,6% em 12 meses.

Mas o que indica esse crescimento? Será que vale a pena aplicar nos Fundos de Crédito Privado? Neste artigo, vamos explicar o conceito, quais são as vantagens e desvantagens e como você pode investir nessa modalidade. Vamos lá?

O que é um Fundo de Crédito Privado?

O Fundo de Crédito Privado é uma modalidade de Fundo de Investimento que investe em títulos de Renda Fixa emitidos por empresas privadas ou securitizadoras, tais como debêntures, CRI, CRA e notas promissórias. 

Assim, da mesma forma que um Fundo de Renda Fixa ou Fundo Imobiliário, há um gestor profissional responsável por selecionar e acompanhar quais ativos farão parte do patrimônio do Fundo. 

Mesmo sendo uma possibilidade de Renda Fixa com grandes retornos, não é tão comum entre brasileiros, que estão mais acostumados com a Poupança, títulos públicos (como o Tesouro Direto) e emissões bancárias (CDB, LCI e LCA). 

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) determina que esse investimento só pode ser chamado Fundo de Crédito Privado quando alocar mais da metade de seu patrimônio líquido em títulos de crédito privado.

Entre os títulos de crédito privado estão as debêntures, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e as notas promissórias.

A seguir, vamos explicar as características de cada um deles. Mas antes, confira o vídeo com a nossa Analista de Investimentos, Paloma Brum, que explica quais são os tipos de Fundos de Investimentos:

 

 

Entenda mais sobre os outros principais tipos de Fundos de Investimentos no infográfico que preparamos a seguir:

 

Quais são os ativos dos Fundos de Crédito Privado?

Como vimos, os Fundos de Crédito Privado contam com mais de 50% dos ativos em debêntures, CRIs, CRAs e notas promissórias. Mas você sabe quais são as características desses títulos? Confira:

1. Debêntures

As debêntures, tal como um título de Renda Fixa,  são emitidas com objetivo de captar recursos para o médio e longo prazo. Elas são títulos de dívidas, como se fossem um empréstimo para empresas que as emitem, desde que não sejam instituições financeiras ou de crédito imobiliário.

Assim, quem compra debêntures irá receber juros sobre o valor aplicado. Grande parte das debêntures possui rentabilidade pós-fixada, indexada ao IPCA ou prefixada. Elas podem ser classificadas em:

  • Debêntures simples: não têm nenhuma característica especial, são apenas títulos de dívida emitidos por empresas estruturadas como Sociedades Anônimas.
  • Debêntures conversíveis: podem ser convertidas em ações da empresa emissora. Entretanto, esse processo não é obrigatório, já que dependendo da precificação das ações da empresa no mercado, a conversão pode não valer a pena.
  • Debêntures incentivadas: nesses papéis, você tem o benefício da isenção do Imposto de Renda. Debêntures somente podem ser emitidas como incentivadas caso o recurso captado na sua emissão seja utilizado em projetos de infraestrutura, como estradas ou aeroportos.

2. CRI e CRA

O CRI e o CRA são títulos de crédito privado estruturados por securitizadoras, empresas responsáveis por obter os bens de uma organização. 

Essas empresas realizam uma securitização, isto é, transformam as dívidas do setor imobiliário ou do agronegócio em valores mobiliários. Dessa forma, eles podem ser comercializados livremente entre investidores.

Além disso, os títulos podem ser emitidos com rentabilidade pós-fixada, prefixada ou híbrida. Uma das vantagens do CRI e do CRA é que eles são isentos de Imposto de Renda. Por outro lado, não possuem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

É importante ressaltar que o CRI e o CRA são considerados títulos de baixa liquidez. Então, se você precisar vender seu título antecipadamente, não será tão vantajoso. Os vencimentos costumam ser longos, com prazos acima de 3 anos.

Em resumo, podemos dizer que:

O Certificado de Recebíveis Imobiliários é um investimento destinado a financiar transações do mercado imobiliário. Você compra um título e “empresta” seu dinheiro ao emissor desse título. Em contrapartida, você recebe o que emprestou com adição de juros e correção monetária.

O Certificado de Recebíveis do Agronegócio é bastante parecido com o CRI. A maior diferença é que ele está ligado ao setor de atividades agrícolas. 

3. Notas Promissórias

As Notas Promissórias, ou commercial papers, são títulos de Renda Fixa similares às debêntures.  

São emitidos por empresas estruturadas como Sociedade Anônima (S.A), cujo objetivo é a captação de recursos para o curto prazo, principalmente para uso de capital de giro.

Assim, se a Nota Promissória é emitida por uma S.A de capital aberto, o vencimento do papel não deve ultrapassar 360 dias. Já para a Sociedade Anônima de capital fechado, o vencimento máximo é de 180 dias.

As Notas Promissórias também não possuem garantia do FGC e a rentabilidade pode ser pós-fixada ou prefixada.

Quais são as vantagens e desvantagens do Fundo de Crédito Privado?

Para saber se o Fundo de Crédito Privado é a melhor alternativa para você, listamos os prós e contras desse investimento. Veja:

Vantagens

  • Você conta com um gestor profissional para acompanhar suas aplicações no patrimônio do Fundo. Isso significa que você não precisa se preocupar, já que terá um especialista para aplicar seus recursos nas melhores alternativas do mercado.
  • A diversificação é um ponto bastante positivo. Afinal, é como se você aplicasse seu dinheiro em diferentes categorias de ativos.
  • As rentabilidades são bem melhores em comparação aos Fundos tradicionais de Renda Fixa
  • Títulos de crédito privado acompanham as movimentações da Selic, algo bem vantajoso se considerarmos o cenário econômico dos últimos anos.

Desvantagens

  • Os riscos são maiores do que investimentos tradicionais de Renda Fixa. Como os títulos são emitidos por empresas privadas, as chances de inadimplência são maiores, diferentemente do Tesouro Direto, por exemplo.
  • São menos acessíveis para investidores menores, já que o valor mínimo para obter um título privado fica em torno de R$1.000.
  • Não há garantia do Fundo Garantidor de Créditos.

Quais são os riscos dos Fundos de Crédito Privado?

Além das desvantagens e vantagens, também é essencial conduzir uma análise dos riscos envolvidos nesse tipo de alocação de patrimônio, especialmente para aqueles Fundos que o gestor do fundo realiza empréstimos para empresas de menor porte ou com baixo rating de crédito, em busca de retornos mais elevados em relação aos investimentos em Renda Fixa tradicionais. 

Os principais riscos dos Fundos de Crédito Privado são os de crédito, de mercado e de liquidez. Eles são inerentes à qualquer aplicação de Renda Fixa.

A seguir, falaremos sobre cada um deles:

Risco de crédito

O principal risco dos Fundos de Crédito Privado é o de crédito, ou seja, o risco de inadimplência ou falência das empresas tomadoras de empréstimo cujos títulos estão no patrimônio dos cotistas.

Como essas empresas são geralmente menores e com menor capacidade financeira, a probabilidade de ocorrerem atrasos ou calotes é maior do que em empréstimos para empresas de maior porte e com bom rating de crédito.

Risco de mercado

Além disso, eles também estão sujeitos a riscos de mercado, como a variação da taxa de juros e a volatilidade do mercado financeiro, que podem impactar o valor dos títulos em carteira e, consequentemente, o desempenho do Fundo.

Risco de liquidez

Por fim, é importante destacar que os Fundos desse tipo também podem ter baixa liquidez, ou seja, pode ser difícil vender as cotas no mercado secundário em caso de necessidade de resgate antecipado.

Por isso, é importante avaliar bem os riscos envolvidos e buscar uma gestão profissional qualificada antes de investir em Fundos de Crédito Privado.

Agora que esclarecemos os benefícios e riscos desse Fundo, vamos entender um pouco mais sobre as tributações que incidem sobre ele.

Como é a tributação dos Fundos de Crédito Privado?

As tributações desse Fundo incluem o Imposto de Renda e o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF). 

O IOF incide sobre os rendimentos somente em resgates realizados em menos de 30 dias. Os valores podem mudar dependendo do tempo da aplicação. 

Por outro lado, o IR vai incidir sobre o Fundo independentemente se você resgatar a aplicação em 30 dias ou 2 anos. Quanto mais tempo durar o investimento, menor será o valor a ser pago ao Imposto de Renda.

Os títulos desse Fundo são tributados da mesma forma que outras aplicações de Renda Fixa, ou seja, seguem a tabela regressiva do IR. Ela começa em 22,5% e diminui 2,5% a cada 6 meses, até reduzir para 15%.

Veja na tabela abaixo os valores das alíquotas que incidem sobre Fundos de Crédito Privado de acordo com o prazo de permanência.

Prazo de permanência Alíquotas
Até 180 dias 22,5%
Entre 180 a 360 dias 20%
Entre 361 dias até 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15%

 

Vale ressaltar que, além dos custos citados, existe também o chamado “come-cotas” nos Fundos de Investimentos. Ele acontece duas vezes ao ano, nos meses de maio e novembro, como uma antecipação de parte do Imposto de Renda sobre os ganhos.

Nos Fundos de curto prazo (até 360 dias), a alíquota é de 20% e, nos de longo prazo (acima de 361 dias) o valor é de 15%.

Em resumo, os Fundos de Crédito Privado são boas alternativas para quem busca rentabilidade acima da média, mas é importante conhecer os riscos e entender se essa modalidade combina com seu perfil de investidor.

Por isso, estude o mercado, entenda quais são os melhores caminhos e pondere quais são os benefícios de aplicar nessa modalidade. 

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