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O que é inflação? Entenda como ela influencia sua vida

Inflação é a situação em que o nível geral de preços médios de uma cesta de bens e serviços de consumo de um cidadão típico está em crescimento. Isso ocorre por diversos fatores e é um dos mais importantes indicadores de bem-estar na macroeconomia.


O termo “inflação” está sempre reaparecendo nos noticiários, investimentos, conversas e discussões político-econômicas. Diversas vezes carregado com uma onda de pessimismo e críticas, sobretudo dada a história da inflação no Brasil.

A inflação alta já foi o principal problema macroeconômico no Brasil em mais de uma ocasião.

Mas afinal, você sabe exatamente o que é a inflação e como ela se comporta? É isso que vamos abordar no artigo de hoje.

Aprenderemos o que há por trás desse conceito, entenderemos por que os preços sobem, veremos séries históricas e compreenderemos como ela afeta sua vida na prática. Isso tudo explicado em uma linguagem simples e sem economês. Vamos lá?

O que é a taxa de inflação na economia?

Segundo um dos autores mais estudados nas faculdades de economia mundo afora, N. Gregory Mankiw, 

“os economistas empregam o termo ‘inflação’ para descrever uma situação em que o nível geral de preços da economia está em ascensão”.

Essa definição aparece na sua obra Princípios de Macroeconomia e tanto o autor quanto os demais economistas a consideram como uma das variáveis mais importantes para orientar o governo e entender o consumo das famílias.

Note que existe uma diferença conceitual entre quando os bens e serviços ficam “mais caros” e quando o “dinheiro perde o poder de compra”. As mercadorias mudam de preço para cima e para baixo o tempo todo. Isso é reflexo de uma economia competitiva e na qual os vendedores disputam a preferência dos clientes.

Um vendedor pode ter um aumento dos custos e ser obrigado a vender seu produto mais caro, enquanto o seu concorrente não. A inflação, no entanto, só ocorre quando a média geral dos preços de um conjunto de bens aumenta de um período para o outro e não de um único vendedor.

Na prática, isso significa que, quando há inflação, uma família precisa gastar mais dinheiro para manter o mesmo poder de compra que tinha no período anterior.

Uma das maneiras de driblar isso é por meio de um bom planejamento financeiro. Confira um vídeo especial sobre esse assunto: 

https://www.youtube.com/watch/Qgcn_5jCDWo?start=7

Como é o cálculo da taxa de inflação?

Afinal, como essa perda do poder de compra é calculada? Fundamentalmente, é necessário: 

1. Determinar uma cesta de referência: os economistas observam quais são os produtos e serviços essenciais para um consumidor típico (alimentos, gastos com transporte, educação, moradia, saúde etc).

2. Coletar os preços e definir o ano base: com a cesta definida, os pesquisadores observam qual é o preço médio praticado no mercado em diferentes locais e de um modo geral. O primeiro resultado é o ano base, que servirá ponto inicial.

3. Calcular o índice de preços: com o custo da cesta em mãos e com o ano base definido, basta então calcular o índice de preços ao consumidor, que mostrará o quanto a média dos preços muda de um período para o outro (semanas, meses, anos etc).


Esse índice de preços é calculado da seguinte forma:

Índice de preços ao consumidor =
(Preço da cesta de bens e mercadorias no período atual ÷ preço da cesta no período base) x 100

Em outras palavras, se a inflação fecha o ano a 5%, isso significa que o seu dinheiro perdeu poder de compra nesse nível. Ou seja, os R$ 100 que você usava no supermercado no começo do ano comprariam R$ 95 em mercadorias um ano depois. 

Além disso, se a sua renda não sobe no mesmo nível da inflação, você literalmente fica “mais pobre”, pois precisa gastar mais dinheiro para comprar os mesmos bens que comprava antes. 

Chamamos de renda ou rendimento real o resultado que “sobra” do seu salário ou investimentos após descontar os efeitos da inflação. 

E isso vale para tudo, desde o corte do cabelo até o carro novo. Afinal, pela lei da oferta e da procura, para chegar a um preço de equilíbrio (bom para compradores e vendedores), todos os preços da economia passam por algum tipo de inflação ou deflação, que é o processo inverso, quando a média geral dos preços cai de um período para o outro. 

Como funciona a inflação? Quais são as causas?

Bom, agora que compreendemos que a inflação é a elevação dos preços, o que faz esses preços subirem na economia, às vezes de modo tão rápido e forte? Os principais motivos para o aumento dos preços são:

  • Aumento nos custos das matérias-primas ou nos custos de produção.

  • Confiança e disposição das famílias a consumir mais.

  • Deficiência tecnológica ou na cadeia produtiva das indústrias.

  • Custos logísticos, de transporte e distribuição dos produtos.

  • Elevação da demanda ou redução da oferta por determinados produtos ou serviços.

  • Encarecimento da energia elétrica por fatores naturais ou não.

  • Impactos climáticos na produção do campo, sobretudo dos alimentos

  • Crescimento no preço das commodities (petróleo, minério, trigo, carne etc).

  • Avanço nos gastos com educação, moradia e transporte.

  • Emissão de papel-moeda descontrolada.

  • Aumento dos gastos do governo acima das metas fiscais.

  • Maior taxa de câmbio, isto é, aumento do dólar e outras moedas em relação ao real.

  • Piora nas expectativas gerais da economia.

Portanto, o governo acompanha de perto os índices de inflação não só como objetivo de desempenho, mas também como um meio de avaliar o nível de bem-estar da população. Para manter a escalada de preços sob controle, as autoridades trabalham com uma política de metas inflacionárias.

O que são as metas de inflação?

O regime de metas para a inflação, segundo o Banco Central, é “um conjunto de procedimentos para garantir a estabilidade dos preços no país”, uma vez que a inflação sob controle e estável gera benefícios para a sociedade e para a economia, favorecendo o crescimento por meio da redução da incerteza e da menor corrosão da renda real.

O Conselho Monetário Nacional é quem define a meta de inflação do ano. Ela é composta por um valor central e limites inferiores e superiores nos quais a inflação é considerada dentro ou fora do objetivo. 

As metas de inflação surgiram à época do Plano Real que estabeleceu o chamado tripé macroeconômico, uma série de princípios que deveriam regir a política econômica do Brasil rumo à estabilidade e composto por: política de metas inflacionárias, câmbio flutuante (sem controle do governo) e metas fiscais (diferença entre receitas e gastos do setor público).

Confira na tabela a seguir quais foram as metas de inflação dos últimos anos, bem como os limites de tolerância inferior e superior. Na última coluna, podemos analisar se a inflação fechou o ano dentro do objetivo estabelecido.

AnoMeta de inflaçãoTolerância inferior e superiorIPCA do ano
20104,5%2,5% – 6,5%5,91%
20114,5%2,5% – 6,5%6,50%
20124,5%2,5% – 6,5%5,84%
20134,5%2,5% – 6,5%5,91%
20144,5%2,5% – 6,5%6,41%
20154,5%2,5% – 6,5%10,67%
20164,5%2,5% – 6,5%6,29%
20174,5%3,0% – 6,0%2,95%
20184,5%3,0% – 6,0%3,75%
20194,25%2,75% – 5,75%4,31%
20204,0%2,5% – 5,5%4,52%
20213,75%2,25% – 5,25%10,06%
20223,25%2% – 5%5,79%

Fonte: Banco Central

A partir daí, o governo pode definir a política monetária que adotará como forma de aumentar o reduzir o volume de dinheiro em circulação, um dos fatores que influencia no índice inflacionário.

Observe o histórico nos últimos anos e perceba em quais o governo foi capaz de atingir a meta:

Qual é a inflação ideal, segundo os teóricos?

Segundo os teóricos, não há um consenso absoluto sobre qual seria a inflação ideal. No entanto, muitos economistas e Bancos Centrais ao redor do mundo têm como objetivo manter a inflação baixa e estável. Isso é conhecido como a busca por uma meta de inflação.

A inflação ideal pode variar de acordo com o contexto econômico e as metas de política monetária de cada país. No geral, uma taxa de inflação baixa e estável é considerada desejável, pois beneficia o crescimento econômico e o bem-estar da sociedade.

Uma inflação muito baixa ou negativa (deflação) pode levar a problemas econômicos, como o adiamento de gastos por parte dos consumidores, o que pode prejudicar a atividade econômica. Por outro lado, uma inflação muito alta pode corroer o poder de compra das pessoas, gerar incertezas e distorções na economia.

Portanto, os teóricos geralmente consideram que uma inflação ideal está em um patamar moderado, normalmente na faixa de 2% a 3% ao ano, como uma taxa que não prejudica o crescimento econômico nem gera desequilíbrios significativos.

No entanto, é importante ressaltar que as opiniões podem variar e as políticas adotadas pelos Bancos Centrais podem diferir em relação à inflação ideal de acordo com cada país e contexto econômico específico.

Qual é a relação entre inflação e taxa de juros (Selic)?

Com base nas metas de inflação, o Comitê de Política Monetária (Copom), então define a meta da taxa Selic, o principal instrumento que o governo possui para controlar a inflação.

Funciona assim: a taxa Selic é uma referência para a concessão de empréstimos e financiamentos na economia, além de várias outras funções. Se a Selic está mais alta, o custo de tomar dinheiro emprestado fica mais caro.

O inverso também é verdadeiro: reduzir a Selic, torna o custo do crédito mais baixo e mais pessoas tomam empréstimos para abrir negócios, fazer financiamentos etc. Desse modo, mais dinheiro é injetado na economia.

Quanto mais dinheiro em circulação na economia, maior a probabilidade de gerar inflação. Por isso, a Casa da Moeda não imprime dinheiro de forma descontrolada. 

Além disso, o Banco Central compra e vende títulos para fazer com que a Selic esteja dentro da meta. Confira abaixo um histórico que relaciona a meta da taxa Selic e o fechamento da inflação em cada ano desde 2011.


História da inflação no Brasil

A inflação já foi um problema crônico no Brasil, especialmente antes do Plano Real, que surgiu como uma das intervenções para acabar com a inflação que variava na casa das centenas e milhares percentuais. 

Desse modo, o que os economistas chamam de “memória inflacionária” ainda está bem viva na mente e no hábito dos brasileiros.

Por exemplo, o costume de fazer as compras de supermercado para um mês vem justamente da incerteza de que existia quanto às remarcações das etiquetas no mês seguinte, uma vez que os salários não acompanhavam de perto a subida preços.

Veja, no gráfico a seguir, como a hiperinflação se comportava no Brasil entre a década de 1980 e o Plano Real. De um mês para o outro, os preços mudavam drasticamente, corroendo o poder de compra das famílias.

Em outras palavras, se hoje o receio é que a inflação chegue aos dois dígitos ao ano, antes, isso acontecia de um mês para o outro e por todos os meses.

Como a inflação afeta a sua vida?

Muito bem, a inflação indica que os preços estão subindo na economia. Porém além de ficar mais difícil comprar as mesmas coisas, como a inflação afeta outros aspectos da sua vida econômica? Basicamente, a inflação alta:

  • Reduz o ganho real dos seus investimentos.
  • Diminui a renda média de toda a população.
  • Corrói o poder de compra do seu dinheiro.
  • Dificulta negociações salariais para ter ganhos acima da inflação.
  • Faz você eliminar gastos supérfluos e comprar só o básico.
  • Leva você a comprar produtos de menor qualidade.
  • Faz com que você gaste menos com lazer.
  • Gera aumento nos gastos com saúde e cuidados pessoais.
  • Atenua o investimento das pessoas com educação.
  • Afeta os custos com moradia, fazendo com que você tenha que se mudar para uma casa pior.
  • Reduz o investimento dos empresários em meio ao cenário de incerteza e maiores custos para produzir, causando menor geração de empregos.

Como você pôde perceber, esses são alguns dos principais impactos negativos da perda do poder de compra causado pela inflação. Caso a situação econômica piore e você precise de recursos, é sempre importante também ter uma boa reserva de emergência.

Entenda mais sobre essa reserva no conteúdo em vídeo a seguir:

https://www.youtube.com/watch/VlgaDQ4BfvM?feature=oembed

Índices de inflação: o que são e para o que servem?

Agora que você já sabe o que é a inflação e como ela ocorre, vamos compreender como ela é medida na prática. 

O Brasil possui dois grandes importantes índices de inflação atualmente: o IPCA e o IGP-M. Ambos servem para medir o quanto os preços estão variando de um período para o outro. 

Com esses indicadores, é que produtores, consumidores, investidores e governos se baseiam para a tomada de decisões, bem como negociam contratos e reajustes de preços na economia. 

IPCA

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é o medidor oficial de inflação no Brasil. Este indicador é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e é aquele que você ouve todos os dias no noticiário econômico dos jornais.

O IPCA existe para medir a variação de preços de uma cesta de bens e serviços consumidos por uma família cuja faixa de renda do estudo (1 a 40 salários mínimos) permita cobrir 90% das famílias de áreas urbanas do Sistema Nacional de Índices de Preços ao Consumidor (SNIPC).

Funciona assim: de tempos em tempos, o IBGE elabora uma cesta de produtos e serviços que os brasileiros mais consomem no dia a dia: alimentos, eletricidade, transportes, lazer etc. Então, a ideia é acompanhar a variação de preços dos itens dessa cesta ao longo do tempo e em vários locais do país. 

O IPCA permite verificar como está o comportamento geral dos preços na economia e é utilizado para vários fins, tais como: negociações salariais, ações do governo, políticas de reajustes de preços etc.

IGP-M

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) é outro importante indicador da variação dos preços na economia, mantido e calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Criado nos anos 1940, ele difere do IPCA à medida que procura ser mais abrangente do que outros medidores de inflação do mercado.

Sua composição considera outros três índices calculados também pela FGV:

  • 60% – Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA): mede a oscilação de preços de itens agrícolas e industriais vendidos de empresa para empresa.
  • 30% – Índice de Preços ao Consumidor (IPC): assim como o IPCA, mensura a variação dos preços de uma cesta de bens e serviços comuns a famílias de renda entre 1 e 33 salários mínimos.
  • 10% – Índice Nacional de Custo da Construção (INCC): aprecia as flutuações dos valores de itens relevantes do mercado de construção civil como materiais, equipamentos, mão de obra e serviços.

Também conhecido como “inflação do aluguel”, o IGP-M é usado no reajuste de contratos imobiliários, mensalidades de instituições de ensino, algumas modalidades de seguro e planos de saúde, entre outros.

Por ser mais abrangente, o IGP-M pretende medir as variações de preços em várias etapas da cadeia produtiva, ou seja, o quanto quem produz também está pagando e não somente no preço final ao consumidor como ocorre com o IPCA.

Observe o gráfico abaixo e compare as oscilações anuais entre o IPCA e o IGP-M desde 1995. Há anos em que o IGP-M disparou em relação ao IPCA e isso se deu pelos aumentos de preços nos itens que compõem as cestas desses dois índices.


Outros índices de inflação

Para terminar, além do IPCA e do IGP-M, também temos outros índices de inflação menores, mas que também possuem o mesmo objetivo: verificar o quanto os preços estão se modificando na economia. Os mais conhecidos são:

  • Índice de Preços ao Consumidor do Município de São Paulo – mantido pela FIPE.
  • Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) – feito pelo IBGE.
  • Índice de Preços ao Produtor (IPP) – “Inflação da indústria” – calculado pelo IBGE.
  • Índice dos Gerentes de Compras (PMI – Purchasing Manager’s Index) –  da empresa IHS Markit. 
  • Índices de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA) – disponibilizado pelo Cepea. 

Todos eles existem de forma a ser complementares aos índices gerais de inflação e fornecer informações mais detalhadas sobre os preços em determinados setores da economia.

Como proteger seus investimentos da inflação?

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