Os principais tipos de inflação envolvem conceitos como inflação de demanda, de oferta, de custos, estrutural, espiral, global, inercial, monetária, estagflação e hiperinflação.
Inflação é a elevação generalizada dos preços em uma economia. Certo, mas você sabia que há diferentes conceitos dentro da definição macro de inflação? A maioria das pessoas ouve o termo nos jornais e nas conversas do dia a dia, mas desconhece em detalhes o que de fato é isso e como afeta a vida.
Uma pesquisa realizada há menos de uma década revelou que dois terços da população desconhece em que nível estão os índices de inflação.
Neste artigo, vamos explicar as nuances contidas nos principais tipos de inflação, como elas ocorrem e por que vale a pena saber disso. Leia até o final e esteja mais preparado para compreender as notícias da economia bem como poder conversar sobre o assunto com naturalidade.
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O que é a inflação na economia?
Antes de entrarmos nos conceitos dos principais tipos de inflação, vale a pena relembrar o que é a inflação na definição econômica para então conhecermos o que a causa e como ela se diferencia.
A inflação é um conceito econômico em que o nível de preços médio de uma cesta de produtos e serviços está em elevação.
Ou seja, não basta que um ou outro item esteja mais caro. Para haver inflação, é necessário que se observe o aumento médio dos preços em uma cesta de itens que as famílias mais consomem (moradia, transporte, alimentos, energia elétrica, etc).
Portanto, quando há inflação, seu dinheiro perde poder de compra se a sua renda não acompanhar a subida dos preços. Este é um fator importante para medir o bem-estar e o poder de compra do dinheiro, bem como medir sua desvalorização ao longo do tempo.
Caso queira conhecer mais sobre a inflação, como ela é calculada, o que são as metas de inflação e quais os principais índices, leia o artigo completo que preparamos no link abaixo:
CONTEÚDO ESPECIAL • O que é inflação? Veja como os preços sobem e mexem com seu bolso!
Como a inflação é medida no Brasil?
A inflação no Brasil é medida através de índices que acompanham o aumento geral dos preços dos produtos e serviços.
Os principais índices de inflação, isto é, aqueles que você vai ver no noticiário, são:
- IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo): índice oficial de inflação do país, calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O IPCA considera despesas de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos em 13 regiões metropolitanas do Brasil.
- INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor): também calculado pelo IBGE, o INPC é semelhante ao IPCA, mas abrange famílias com renda de 1 a 5 salários mínimos e é utilizado como referência para reajustes salariais.
- IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado): calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), o IGP-M é famoso por ser utilizado para reajustes de contratos de aluguel e costuma incluir mais produtos e serviços do que o IPCA e INPC.
- IPC (Índice de Preços ao Consumidor): medido pelas principais capitais do Brasil pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o IPC foca em preços ao consumidor urbano. Ou seja, reflete também o custo de vida nas principais cidades, especialmente São Paulo, a maior do país.
Esses índices ajudam o governo, empresas e consumidores a entenderem como os preços estão se movendo na economia brasileira e são fundamentais para o planejamento financeiro e econômico do país.
Quais são os tipos de inflação?
Agora que você já domina o conceito de inflação em um sentido mais amplo, vamos entrar nos principais conceitos que definem os principais tipos de inflação. Todos eles giram em torno de como a subida dos preços ocorre e/ou como seus efeitos são sentidos na economia.
Os principais tipos de inflação são:
1. Inflação de demanda
A inflação de demanda está ligada a uma das mais importantes leis da economia: oferta x demanda.
A inflação de demanda ocorre quando a demanda agregada − a procura total de bens e serviços na economia − é maior que a oferta agregada.
Em outras palavras, há mais consumidores demandando certos produtos e serviços do que produtores dispostos ou capazes de ofertá-los por questões como: aumentos salariais acima dos ganhos de produtividade, redução de impostos sobre o consumo, taxa de juros real negativa, facilidade de acesso ao crédito, governo gastando mais do que arrecada, entre outros.
Como exemplo, podemos citar a procura de empresas por profissionais de tecnologia. Como há mais companhias demandando esse tipo de especialista do que existem pessoas qualificadas disponíveis, o preço do trabalho, isto é, o salário é pressionado para cima.
2. Inflação de custos ou inflação de oferta
A inflação de oferta, também chamada de inflação de custos, acontece quando os preços sobem devido ao aumento dos custos dos ofertantes, ou seja, dos produtores de determinado bem ou serviço na economia.
Essa elevação de custos pode ocorrer por vários motivos, tais como: preços dos insumos, gastos com energia, impactos climáticas, aumento dos salários, tecnologia deficiente, entre outros.
Um bom exemplo é a crise hídrica do Brasil em 2021, situação em que o consumo de energia elétrica se manteve elevado, mas o nível dos reservatórios das hidrelétricas (principal fonte geradora do país) estão baixos, o que aumenta os custos de produção. Assim, os preços aumentam para equilibrar o valor desse bem na economia.
3. Inflação estrutural
Os economistas chamam de inflação estrutural o aumento de preços generalizado que tem como causas as deficiências ou precariedades da infraestrutura e da cadeia produtiva.
Neste caso, a ineficiência e falta de força da infraestrutura elevam os custos de produção que, por sua vez, encarecem os preços pagos pelos consumidores finais. Além disso, quando as mercadorias são mais voltadas ao mercado externo do que interno, é possível que haja falta de alguns produtos no mercado nacional.
Pense, por exemplo, nas falhas de infraestrutura de transportes e logística que há no Brasil atualmente e na greve dos caminhoneiros que ocorreu há alguns anos.
Na impossibilidade de escoar os produtos por outro meio além das estradas − como ferrovias, transportes aéreos ou aquáticos, por exemplo −, o represamento causado pela greve impactou a lei da oferta x demanda e encareceu vários produtos.
4. Inflação espiral
A inflação espiral ocorre quando há um ciclo em que os trabalhadores recebem reajustes ou aumentos de salários para recompor a perda do poder aquisitivo causada pela inflação geral da economia.
Com mais dinheiro em mãos, eles têm mais recursos para gastar. Quando há aumento dos gastos, mais dinheiro circula na economia, além de os produtores precisarem elevar os preços das mercadorias, já que estão tendo custos maiores com mão de obra por aumentarem os salários, o que provoca mais inflação. Por isso, esse fenômeno recebe o nome de espiral inflacionária.
5. Inflação global
A inflação global é a situação em que vários das principais economias do mundo observam aumento dos seus índices de inflação de modo simultâneo. Isto significa que os índices de preços estão subindo globalmente.
Esse é um fenômeno que está mais propenso a ocorrer conforme o avanço da globalização e em ocasiões como o aumento dos preços das commodities.
Praticamente todas as nações compram e vendem entre si no comércio internacional, que também está sujeito às leis da oferta e da procura. Se os custos produtivos aumentam, isso é refletido nos preços dos itens no comércio exterior.
6. Inflação inercial
A inflação inercial tem suas ligações com o fator psicológico da inflação comum. A inércia é o processo relacionado à expectativa da inflação e ao que os economistas chamam de “memória inflacionária”.
Quando os consumidores e vendedores já esperam que a inflação vá subir, eles precificam os produtos e serviços antes mesmo de existir o aumento.
Ou seja, por medo de que os preços subam, os produtores reajustam as etiquetas antes que a inflação se confirme e seguem fazendo isso até serem interrompidos por algum fator.
Esse fenômeno pode se espalhar rapidamente pelo poder psicológico. Por exemplo, ao ver um concorrente aumentar os preços, um produtor pode fazer o mesmo sem mesmo saber qual será o nível de inflação que será concretizado ou qual patamar de aumento de custos terá.
7. Inflação monetária
A inflação monetária acontece quando há emissão de dinheiro de forma descontrolada por parte do governo.
O dinheiro serve para remunerar produtos e serviços. Se há mais dinheiro do que produtos e serviços em circulação, os preços aumentam para reequilibrar a economia.
Por isso, a Casa da Moeda deve seguir uma política de produção de dinheiro “novo” baseada em fundamentos econômicos.
Além disso, o governo deve ficar de olho no multiplicador bancário, isto é, quanto dinheiro os bancos podem emprestar em relação ao que eles possuem de fato nas suas reservas. Essas são algumas das medidas para evitar que dinheiro demais seja “derramado” na economia de uma vez.
8. Inflação reprimida
A inflação reprimida se manifesta quando governos adotam políticas de congelamento de preços ou determinação de preços máximos por produtos e serviços, o que gera escassez.
Por exemplo, imagine que o custo para fabricar travesseiros é de R$20 por unidade. Se houver a determinação de que o preço máximo de venda deve ser R$12 por travesseiro, porque o fabricante produziria travesseiros com prejuízo?
Sem incentivos e lucro para produzir, os produtores abandonam o mercado, gerando escassez. Menos itens sendo ofertados e mais pessoas procurando: aumento dos preços. O que acontece naturalmente acontece quando o governo descongela os preços e a inflação reprimida surge toda de uma vez.
9. Estagflação
A estagflação é um conceito econômico em que uma economia registra crescimento estagnado e alta inflação.
Ou seja, a economia não cresce e os preços sobem sem parar, mesmo que as famílias estejam consumindo menos.
Como vimos, os preços podem subir por outros fatores além da pressão do consumo: aumento das commodities, crises hídricas, aumento do dólar, fatores psicológicos da inflação, etc.
10. Hiperinflação
Por fim, temos o conceito de hiperinflação, que acontece quando o descontrole inflacionário chegou a níveis tão absurdos que os preços passam a ser reajustados nas dezenas ou centenas percentuais de uma única vez.
Entram fatores psicológicos, produtivos e econômicos da inflação de modo muito forte e acelerado.
A hiperinflação é quase como um filme de terror em que o poder de compra do dinheiro desaparece rapidamente, os preços não param de subir e provoca recessão econômica.
O Brasil já enfrentou um cenário de hiperinflação logo antes da criação do Plano Real. Observe no gráfico abaixo como variava o nível de preços de um mês para o outro:
Inflação no Brasil: qual é o nível de inflação nacional hoje?
Para terminar, veja no gráfico abaixo como está o atual nível de inflação do Brasil, considerando os dois principais indicadores que temos no país: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE; e o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M).
A inflação brasileira enfrenta, hoje, as características de inflação de oferta e global, principalmente.
Contudo, também é possível distinguir traços de inflação inercial e estrutural, já que o aumento médio dos preços normalmente não tem uma única causa.
Veja, no gráfico abaixo, a variação mais recente:
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