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Resumo da Semana – 23 a 27/12

Ah, a euforia!

Se há três meses as perspectivas eram pouco animadoras, o otimismo com o futuro do País mudou drasticamente de lá pra cá. Os dados econômicos começaram a dar sinais de melhora, as turbulências internacionais diminuíram e até o conturbado cenário político parece ter se acalmado.

Essa combinação trouxe um otimismo que não se via desde o último Réveillon. Dezembro coroa um ano excelente para a Bolsa brasileira, com o Ibovespa subindo mais de 7,0% no último mês do ano. Em 2019, foram mais de 30% de alta.

Claro, todos os indicadores que citamos são voláteis e podem retroceder nos próximos meses. Sim, sim, já vimos esse mesmo otimismo no início de 2017, 2018 e 2019. Cautela é sempre importante, mas há pouca gente que duvide que 2020 será um grande ano para o mercado financeiro.

Um feliz ano-novo a todos que nos acompanharam este ano e boa leitura!

Os destaques da semana:

  • Economia: A recuperação continua.
  • Corporativo: Fim de um monopólio e show de governança.
  • Em destaque: Ibovespa bate 117 mil pontos.
  • No exterior: Cortes de tarifas de importação na China. 
  • Fique de olho: O marasmo deve permanecer.

Os bons sinais continuam

A exemplo de semana passada, novos dados reforçam o sentimento de que a crise econômica vai, finalmente, ficando para trás. Desta vez, foi a melhora do mercado de trabalho que animou o mercado.

A taxa de desemprego caiu para 11,2%, o menor patamar desde o primeiro trimestre de 2016. O valor ainda é bastante alto, mas o que importa realmente é a trajetória descendente do indicador. Com um crescimento mais acelerado da economia no ano que vem, a expectativa é de que esse processo ganhe vigor.

Para somar, tivemos também novo crescimento do crédito: alta de 1,1% em novembro em relação a outubro. O volume de crédito é um importante impulsionador do consumo e do investimento produtivo, especialmente no atual cenário de baixa taxa de juros. Ao tomar crédito e gastar esse dinheiro, aquece-se a economia, empregos são criados e a renda cresce. Parece que desta vez as coisas estão realmente melhorando.

Fim do oceano azul?

Pode ser ainda cedo para falar, mas foi até hoje um oceano azul em que a B3 (B3SA3) atuou sem concorrência. Na segunda-feira (23), com o anúncio do fim ao processo de arbitragem entre a B3 e a ATS (potencial bolsa concorrente no Brasil), as ações da B3 caíram bastante, com o mercado antecipando a abertura da porteira que traria concorrência para a, então soberana, B3.

O processo de arbitragem estabeleceu uma taxa que as possíveis futuras bolsas concorrentes pagarão à B3 para utilizarem de sua central depositária. O acesso à central depositária da B3 e o serviço de transferência de valores mobiliários pode trazer novas bolsas buscando explorar o crescente mercado de capitais brasileiro.

Dando continuidade ao episódio, na sexta-feira (27) a CVM apresentou propostas para aprimorar o ambiente de negociação de ativos no Brasil, já pensando em um ambiente com mais de uma bolsa operante. Com a percepção de uma concorrência iminente, cada vez mais perto, o mercado penalizou novamente as ações da B3 no último pregão da semana, levando o papel a registrar queda de quase 10% na semana.

MRV com solução engenhosa.

Após a repercussão negativa da proposta da MRV (MRVE3) pela AHS Residencial, incorporadora nos EUA controlada pela família Menin (assim como a MRV), a Companhia ouviu o mercado e os acionistas minoritários e reformulou a proposta.

Quando a primeira proposta foi anunciada em setembro, o mercado reagiu mal, levantando a hipótese de um possível conflito de interesse por parte do controlador. A MRV ouviu as críticas e resolveu reestruturar a oferta, de maneira a mitigar possíveis conflitos de interesse.

Com o novo formato, os Menin aumentam a participação na MRV, que passa a ter 90% de participação na AHS Residencial e atrelam um possível ganho à família ao desempenho da AHS pelos próximos anos. Dessa forma, a família acaba “deixando dinheiro na mesa”, mas dá um show em termos de transparência e de boa governança corporativa.

O ano da Bolsa

No último relatório semanal do ano resolvemos trazer o Ibovespa como destaque. O Ibovespa é uma carteira teórica estipulada pela B3 (a Bolsa brasileira), sendo o principal indicador em renda variável e não uma ação em si como trazemos costumeiramente nesta seção.

Ele iniciou o ano pouco abaixo dos 90 mil pontos, já essa semana começou sendo cotado em torno de 115.000 pontos. Contudo, a expectativa é de que encerre acima dos 117 mil, uma incrível valorização anual aproximadamente de 33% no ano.

O otimismo que explica essa alta vem de reformas econômicas, ajuste fiscal, menor patamar de juros da história, expectativa de migração dos investimentos que eram destinados à renda fixa para o mercado de ações, melhora do desempenho da economia para os próximos anos, estabilização do quadro político, dentre outros. Mas, vamos aguardar o desenvolvimento de 2020, esperando que esse otimismo perdure por um bom tempo.

Ecos de um acordo

A China fez o anúncio de corte nas tarifas de importação sobre mais de 850 produtos dos EUA. A medida, que entra em vigor a partir de 1° de janeiro de 2020, vem para tentar amenizar a escassez de alimentos que acontece no País e estimular a demanda interna visando fortalecer a economia que vinha apresentando números fracos neste ano. Dentre os principais produtos estão carne de porco congelada, suco de laranja, produtos de automação industrial e alguns materiais eletrônicos. Somadas, as tarifas dariam um montante de US$389 bilhões, o que dá cerca de 18% das importações feitas no ano pelo País.

A necessidade do corte veio por conta do surto de peste suína que ocorreu na China e que fez com que fossem sacrificados mais de 1 milhão de animais (40% dos rebanhos suínos), elevando o valor da carne, que é a mais consumida, para o dobro e deixando a ferida aberta na economia chinesa. Mesmo com as medidas feitas pelo governo para tentar impulsionar a produção de animais, foi necessário importar carnes de outros países para suprir a demanda. Estima-se que a tarifa para a carne suína congelada saia de 12% para 8%.

A medida é considerada positiva principalmente no andamento do acordo comercial com o presidente Donald Trump. Esse movimento dá sinais claros de que os dois países estão se entendendo nas negociações. Outro ponto a se destacar é que Trump pode se beneficiar do otimismo de tais movimentações e usar isso para sua reeleição no ano que vem.

A cereja do bolo vem com uma última notícia vinda do país asiático esta semana: o setor industrial chinês cresceu 5,4% em novembro, depois de uma queda de 9,9% em outubro, mostrando tração na economia no fim do ano.

O marasmo deve permanecer

Ao longo desta semana foi possível perceber que o volume financeiro movimentado no mercado foi relativamente baixo. Isso não representou uma grande surpresa, visto que não tivemos pregão nem na terça-feira (24), nem na quarta-feira (25), e vários investidores “emendaram” o feriado. Além disso, a ausência de notícias mais relevantes também contribuiu, inclusive, para a menor negociação.

Na semana que vem, por sua vez, é esperado que o marasmo continue. Mais uma vez teremos a Bolsa parada na terça-feira (31) e na quarta-feira (1), e se espera que, novamente, vários investidores tirem “dias de folga”. Teremos, na segunda-feira, o último boletim Focus do ano aqui no Brasil e a divulgação do PMI chinês. Já na terça-feira será dia da publicação da confiança do consumidor nos Estados Unidos. Por fim, na quinta-feira, o FOMC trará à tona nos EUA a ata da última reunião.

Apesar de importantes, tais divulgações devem ser mais informativas. Ou seja, espera-se que não tragam um real movimento ao mercado de ações. Diante dessa monotonia, o investidor certamente encontrará boas oportunidades juntamente à sua família e amigos, aproveitando a queima de fogos, degustando bons pratos e dos lucros auferidos ao longo de 2019.

Dessa forma, aproveitamos a oportunidade para desejarmos a todos os nossos leitores um excelente e próspero 2020!

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