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Como investir em urânio? Entenda as possibilidades e riscos!

Investir em urânio pode parecer uma alternativa inusitada, mas para muitos investidores, representa uma oportunidade estratégica em meio à crescente demanda por energia limpa e segura.

O mercado de urânio oferece várias possibilidades de investimento, desde ações de empresas mineradoras até fundos de índice (ETFs) especializados.

No entanto, esse tipo de investimento também traz riscos significativos, como a volatilidade dos preços e as incertezas regulatórias.

Neste conteúdo, exploraremos as diferentes formas de investir em urânio, analisando as oportunidades e os desafios que os investidores podem enfrentar nesse mercado em constante evolução.

O que é o urânio?

O urânio é um elemento químico metálico, denso e radioativo, encontrado na crosta terrestre.

Ele é fundamental para a geração de energia nuclear, pois, através do processo de fissão nuclear, pequenos átomos podem ser divididos para liberar uma enorme quantidade de energia. Essa energia é utilizada principalmente em usinas nucleares para produzir eletricidade.

A atenção política e econômica em torno do urânio está ligada à sua importância estratégica na transição energética global.

Com a busca por fontes de energia que emitam menos carbono, a energia nuclear, que depende do urânio, está sendo reconsiderada como uma alternativa viável e limpa aos combustíveis fósseis.

Quais são as principais formas de utilização do urânio?

As principais formas de utilização do urânio residem na geração de energia e produção de artefatos militares, mas seus usos também incluem:

DestinaçãoForma de uso
Geração de energia nuclearGeração de eletricidade em usinas nucleares. O urânio enriquecido é utilizado como combustível em reatores nucleares, onde seus átomos são fissionados para liberar grandes quantidades de energia.
Produção de armas nuclearesÉ utilizado, especialmente em sua forma altamente enriquecida, na fabricação de armas nucleares, devido ao seu potencial explosivo quando submetido à fissão em cadeia.
Aplicações médicasIsótopos derivados desse elemento são usados na medicina nuclear, em tratamentos oncológicos e na produção de imagens diagnósticas.
Propulsão navalSubmarinos e navios de guerra movidos a energia nuclear utilizam reatores que funcionam com urânio enriquecido, permitindo maior autonomia.
Pesquisa científicaÉ usado em pesquisas científicas, incluindo estudos sobre reações nucleares e física de partículas.

Quais são os principais produtores e consumidores de urânio?

Os principais produtores e consumidores são fundamentais para o mercado global desse elemento, impulsionado pela demanda por energia nuclear.

Principais produtores de urânio

Hoje, segundo a World Nuclear Association, os principais países com as maiores reservas de urânio são:

  • Austrália (28%).
  • Cazaquistão (13%).
  • Canadá (10%).
  • Rússia e Namíbia (8% cada).
  • África do Sul, Níger e Brasil (5% cada).
  • China 4%.
  • Mongólia, Uzbequistão e Ucrânia (2% cada).
  • Botsuana, EUA, Tanzânia e Jordânia (1% cada).

Ainda segundo a associação, o elemento tem sido minerado com sucesso desde a década de 1940.

Se considerarmos o período 1945 a 2022, os países que mais produziram históricamente são, nesta ordem: Canadá, EUA, antiga URSS, Cazaquistão, Austrália, Alemanha, África do Sul, Namíbia, Níger, República Checa, Uzbequistão, França e China.

Principais consumidores de urânio

Entre os principais consumidores, destacam-se:

  • Estados Unidos: o maior consumidor mundial, com muitas usinas nucleares em operação. A demanda dos EUA é suprida tanto pela produção interna quanto por importações.
  • França: fortemente dependente da energia nuclear, a França é um grande consumidor de urânio para seus reatores nucleares.
  • China: em rápida expansão de sua capacidade nuclear, a China está se tornando um dos maiores consumidores, visando reduzir sua dependência de combustíveis fósseis.
  • Rússia: outro grande consumidor, com uma indústria nuclear robusta que inclui tanto geração de energia quanto produção de armas nucleares.
  • Coreia do Sul e Japão: ambos são grandes consumidores devido ao uso intensivo de energia nuclear, embora o Japão tenha reduzido temporariamente sua demanda após o desastre de Fukushima em 2011.

Cotação: como se comportam os preços do urânio?

No mercado de urânio, os preços elevados no final da década de 1970 caíram nas décadas de 1980 e 1990, com preços spot abaixo do custo de produção. Houve uma recuperação entre 2003 e 2009, mas os preços permaneceram baixos nos anos seguintes.

A maioria do comércio é feita por contratos de longo prazo, com preços superiores aos do mercado spot.

Desde 2000, a participação dos produtores no mercado spot caiu, enquanto comerciantes e financiadores aumentaram sua presença, trazendo mais liquidez.

As flutuações de preço refletem a demanda e a percepção de escassez, com o preço ajustando-se para equilibrar o custo de produção e a entrada de novos produtores.

Por outro lado, foi observado que alguns países suspenderam os planos de fechamento de usinas nucleares. Outros ainda discutiram a reabertura de usinas fechadas anteriormente.

Apesar da maior demanda por urânio, a oferta não foi capaz de acompanhar o mesmo ritmo de crescimento, visto que o investimento para aumentar a produtividade das minas já existentes e a exploração de novas minas levam bem mais tempo.

Assim, foi possível observar um descasamento entre a oferta e a demanda, que ocasionou uma forte elevação nos seus preços.

Em 2022, conforme dados da World Nuclear Association, as minas forneceram 74% da demanda anual, com o restante vindo de estoques de urânio estocado, que foram reabastecidos após anos de baixos preços.

Observe no gráfico a seguir, lembrando que o desempenho do passado não garante o mesmo no futuro:

Cotação do Urânio

Como investir em urânio?

Investir em ativos relacionados à economia do urânio pode ser uma maneira de capitalizar a crescente demanda por energia nuclear.

Atualmente, é possível se expor à tese, investindo com os produtos disponíveis no mercado internacional e brasileiro.

1. Ações de empresas mineradoras de urânio ou de energia nuclear

Você pode investir diretamente em empresas que exploram, mineram e processam urânio. Essas companhias estão diretamente ligadas à produção de urânio e seus lucros tendem a acompanhar o preço do material radioativo.

Exemplos incluem:

  • Kazatomprom: empresa do Cazaquistão líder mundial em mineração de urânio natural desde 2009. Suas ações são negociadas na Bolsa de Astana e de Londres.
  • Cameco Corporation: uma das maiores fornecedoras globais de combustível de urânio. A canadense tem ações negociadas nas Bolsas de Nova Iorque e de Toronto.
  • Uranium Energy Corp: empresa de mineração de urânio líder e de crescimento mais rápido dos EUA.
  • NexGen Energy: canadense com a maior mina de urânio de baixo custo do mundo.
  • Électricité de France (EDF): maior produtora e distribuidora de energia da França. A energia nuclear responde por cerca de 2/3 das suas fontes geradoras.

Além dessas, as ações da BHP Billiton e da Rio Tinto (RIOT34) oferecem alguma exposição ao urânio, mas essas mineradoras são grandes e atuam em muitos setores de extração mineral. A mineração do elemento radioativo é apenas uma pequena parte do que elas fazem.

2. ETFs (Exchange-Traded Funds) e BDRs de ETFs

Os ETFs oferecem exposição diversificada e passiva, isto é, administrada por um Fundo com carteira ligada ao setor de urânio. Esses Fundos incluem um mix de ações de mineradoras e empresas de energia nuclear, permitindo diversificação com um único investimento.

Eis alguns exemplos:

  • Global X Uranium ETF: oferece aos investidores acesso a uma ampla gama de empresas envolvidas na mineração de urânio e na produção de componentes nucleares.
  • BURA39: BDR de ETF tem como objetivo acompanhar o movimento do Solactive Global Uranium & Nuclear Components Total Return Index. A vantagem é que ele está disponível na B3.
  • VanEck Vectors Uranium+Nuclear Energy ETF: busca replicar o índice MVIS® Global Uranium & Nuclear Energy, que visa rastrear o desempenho geral de empresas envolvidas em projetos ou mineração de urânio.

⚠️ Lembrando que os ativos citados neste artigo não são recomendações de compra ou venda nem necessariamente expressam a opinião dos Analistas de Investimentos da Toro. O artigo é apenas educacional.

3. Fundos de Investimentos

Alguns Fundos de Investimento focam em recursos naturais ou energia nuclear, oferecendo exposição indireta ao urânio. Eles podem incluir empresas envolvidas na cadeia de suprimentos, desde mineração até geração de energia.

4. Commodities e futuros

Embora menos acessível para investidores individuais ou conservadores e mais focados em traders com perfil arrojado, há contratos futuros e produtos derivados ligados ao preço do urânio.

Esse tipo de estratégia é mais especulativo e exige um entendimento profundo do mercado. A ideia é ganhar com a oscilação dos preços e não com a valorização de longo prazo.

Como vimos, muitos ativos estão presentes apenas em mercados internacionais. Contudo, os especialistas em investimentos da Toro selecionaram recomendações de produtos no mercado brasileiro para você se expor a essa tese.

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Vale a pena investir em urânio?

Segundo o Head de Research da Toro, Lucas Carvalho, “o urânio se destaca como uma escolha estratégica para investidores arrojados que querem aproveitar uma tendência global em ascensão”.

Entre os fatores que podem favorecer essa tese, temos:

Menor dependência de petróleo e outros combustíveis

Atualmente, o petróleo continua a ser a principal fonte de energia a nível mundial. Apesar disso, é notória a sua redução ao longo dos últimos 50 anos, sobretudo após as crises do petróleo que marcaram a década de 1970 e geraram consequências ao longo dos anos que se sucederam.

Mais recentemente, a redução da utilização do petróleo também pode ser relacionada às pressões ambientais e tentativas de reduzir a emissão de gases de efeito estufa.

A segunda fonte de energia mais utilizada é o carvão, apesar da sua baixa eficiência energética e elevada emissão de poluentes.

Por fim, o gás natural é a terceira fonte de energia mais usada globalmente. A Rússia, um grande produtor de gás, enfrentou sanções devido à guerra com a Ucrânia, afetando suas exportações. Como resultado, vários países tiveram que ajustar suas matrizes energéticas e buscar novos fornecedores.

Aumento da demanda

Na contramão do que vinha sendo praticado ao longo dos anos 2010, o fechamento de algumas
usinas nucleares foi cancelado
. Em alguns países, houve anúncios de novos projetos de expansão do parque nuclear.

Dessa forma, desde 2022, há uma forte escalada das cotações do urânio.

Com a recente escalada dos preços do urânio, a atratividade também foi retomada. Porém, a expansão da oferta é bem lenta, visto que a reativação, expansão e exploração das minas pode levar anos ou mesmo décadas.

Segundo a World Nuclear Association, nos próximos 10 anos, espera-se um crescimento no mercado de urânio, com a demanda aumentando 28% até 2030 devido à construção de novos reatores nucleares. A demanda entre 2031 e 2040 pode crescer 51%.

Com a demanda por eletricidade potencialmente aumentando 50% até 2040, a energia nuclear tem espaço para crescer como um substituto de baixo carbono.

Portanto, o urânio pode continuar a sua trajetória de apreciação ao longo dos próximos anos, se mostrando como uma boa oportunidade ao investidor de perfil arrojado que queira se expor à tese.

Somado a isso, por apresentar baixa correlação com outras classes, é um excelente meio de diversificação, com potencial para a redução do risco da carteira de investimentos.

Vantagens e riscos desse investimento

Investir em ativos relacionados ao urânio oferece tanto vantagens quanto riscos, que os investidores devem considerar cuidadosamente antes de tomar decisões.

Por um lado, os benefícios incluem:

  • Potencial de crescimento: se a energia nuclear continuar com alta dotação como solução para a crise climática, os preços do urânio e os ativos relacionados podem apresentar valorização significativa.
  • Diversificação: investir em urânio pode diversificar o portfólio, especialmente em mercados de commodities e energia.
  • Descorrelação: se trata de um ativo bastante descorrelacionado das demais classes. Isso se aplica aos principais índices de Renda Fixa e de Renda Variável, tanto domésticos quanto internacionais.
  • Hedge contra a volatilidade de combustíveis fósseis: a energia nuclear é uma alternativa estável em relação aos combustíveis fósseis, o que pode proteger o investimento de flutuações nos mercados de petróleo e gás.

Riscos do investimento em urânio

Por outro lado, apesar de suas vantagens, a energia nuclear enfrenta desafios como o gerenciamento de resíduos radioativos, altos custos de construção e manutenção de usinas, e preocupações com segurança, exemplificadas por acidentes como Chernobyl e Fukushima.

Assim como todo investimento alternativo, ele carrega os seus riscos:

  • Volatilidade: os preços são altamente voláteis e são suscetíveis a fatores como excesso de oferta, decisões governamentais sobre energia nuclear e incidentes nucleares.
  • Riscos regulatórios e políticos: a energia nuclear tem forte regulamentação. As mudanças nas políticas nacionais ou internacionais podem impactar negativamente os preços e a demanda .
  • Riscos de segurança e imagem pública: acidentes nucleares graves, como os de Chernobyl (1986) e Fukushima (2011), podem afetar severamente a percepção pública e levar à retração no uso da energia nuclear, reduzindo a demanda por urânio.
  • Fatores geopolíticos: muitas das principais reservas estão localizadas em regiões politicamente instáveis, como partes da África e Ásia. Conflitos ou mudanças políticas podem interromper a produção e o fornecimento.
  • Mercado cíclico: todos os mercados de commodities minerais tendem a ser cíclicos (ou seja, os preços sobem e descem substancialmente ao longo dos anos).

Portanto, investir em urânio pode ser lucrativo, especialmente em um cenário de expansão da energia nuclear, mas envolve riscos significativos.

Então, é uma alternativa para investidores que têm apetite por volatilidade e estão dispostos a monitorar de perto os desenvolvimentos políticos, regulatórios e tecnológicos que afetam o setor.

Logo, é preciso avaliar cuidadosamente o perfil de risco e a diversificação do portfólio é indispensável ao considerar esse tipo de investimento, já que perdas financeiras podem ocorrer.