A Oferta Pública de Aquisição (OPA), é um dos eventos mais importantes do Mercado de Ações e pode impactar diretamente os investimentos de milhares de pessoas.
Mas o que isso realmente significa? Por que uma empresa que um dia fez uma Oferta Pública de Ações (IPO) para abrir seu capital decide fazer o caminho de volta?
Se você investe ou tem interesse no mercado acionário, é importante entender como, quando e a razão para uma Oferta Pública de Aquisição acontecer.
Neste artigo você conhecerá os detalhes sobre a OPA, desde seus objetivos até as consequências para o acionista.
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O que é OPA (Oferta Pública de Aquisição)?
A Oferta Pública de Aquisição (OPA) é um procedimento formal e regulado pelo qual um acionista controlador, um investidor ou a própria empresa manifesta publicamente a intenção de comprar as ações de uma companhia listada na Bolsa de Valores.
Essa oferta de compra é destinada aos acionistas da companhia, normalmente com um prêmio sobre o preço das ações.
Esse procedimento pode acontecer de forma voluntária – quando feita por interesse ou vontade do ofertante – ou por imposição legal.
Todo o processo é supervisionado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para garantir transparência, tratamento justo e proteção aos direitos de todos os acionistas, especialmente os minoritários.
O objetivo dessa regulamentação da CVM é assegurar que a decisão de vender as ações seja bem-informada e que as condições sejam equitativas para todos.
LEIA MAIS: O que é IPO e como funciona na Bolsa de Valores?
Quais os objetivos da OPA?
Uma OPA não acontece por acaso. Ela é uma ferramenta estratégica que pode ser utilizada para diversas finalidades, dependendo dos objetivos do ofertante.
Aqui você pode conferir quais os principais objetivos para que uma Oferta Pública de Aquisição aconteça.
Fechar o capital da empresa
O objetivo mais comum para uma OPA é o fechamento de capital da empresa. Nesse caso, a empresa não terá mais as suas ações negociadas na Bolsa de Valores.
O fechamento de capital também é conhecido como cancelamento de registro na CVM.
Normalmente, para uma OPA com objetivo de fechar o capital da empresa, a oferta surge da própria empresa ou do acionista controlador para comprar as ações dos acionistas minoritários e, após a realização da compra, retirar a empresa da B3.
Alterar ou consolidar o controle da companhia
A OPA pode ser o mecanismo para que um novo grupo de investidores assuma o comando da empresa.
Isso pode acontecer para que um novo grupo assuma o controle da companhia ou para consolidar o controle de um grupo que já participa da companhia.
Aumentar a participação acionária
Um controlador pode simplesmente desejar aumentar sua fatia na companhia, sem necessariamente fechar o capital por completo.
Assim, se algum acionista quer aumentar o seu controle em uma empresa em que já é acionista, ele poderá fazer uma oferta de compra das ações.
Caso seja bem sucedido, com o aumento da sua participação acionária, esse acionista conseguirá aumentar o seu controle da companhia.
Oferecer uma alternativa aos acionistas
Em casos de fusões ou grandes reorganizações societárias, a OPA funciona como uma porta de saída para os investidores que não querem continuar na nova estrutura da empresa.
Ou seja, uma Oferta Pública de Aquisição também serve para que o acionista minoritário não seja prejudicado em uma mudança de controle ou fusão da companhia.
Como funciona uma OPA?
Por ser um processo muito importante para a empresa e, com o objetivo de garantir a confiança dos investidores, o procedimento para uma Oferta Pública que Aquisição é detalhado e regulamentado pela CVM.
Ou seja, ele não pode acontecer de qualquer maneira e precisa obedecer um certo rito para que a transparência das informações seja garantida e a confiança no processo mantida.
Abaixo você pode conferir quais são as etapas de um processo de OPA e o que acontece em cada uma delas.
Decisão e comunicação
O ofertante define o objetivo da OPA, a quantidade de ações que pretende adquirir e os termos iniciais da oferta.
A comunicação da oferta é realizada por meio de Fato Relevante, em um documento que informa os investidores sobre o plano, garantindo que a informação seja pública e acessível a todos.
Após a comunicação, o pedido de registro da OPA é encaminhado à CVM.
Laudo de avaliação (Valuation)
Uma empresa especializada e independente é contratada para elaborar um laudo que define o preço justo da ação.
Esse cálculo leva em conta critérios como o fluxo de caixa futuro da companhia, seu patrimônio líquido e o preço médio das ações nos últimos meses.
O laudo justifica o preço mínimo que deve ser ofertado por cada ação e é um mecanismo central para a proteção dos acionistas minoritários.
Período de aceitação e leilão
Após a aprovação da CVM, o edital com todos os detalhes é publicado. Esse é o documento oficinal da OPA, contendo:
- Preço por ação.
- Justificativa e objetivo da oferta.
- Prazo de validade da oferta.
- Data e regras do leilão.
- Condições para o sucesso da oferta.
Os acionistas têm um período para decidir se aceitam vender suas ações. O processo culmina em um leilão realizado na Bolsa de Valores.
Liquidação e resultado
Se o ofertante conseguir comprar a quantidade mínima de ações estipulada para atingir seu objetivo, a operação é liquidada financeiramente (o pagamento é feito) e o resultado é divulgado ao mercado.
Após a liquidação, o ofertante e a empresa-alvo anunciam o resultado final da OPA através da publicação de um novo Fato relevante ou Comunicado ao Mercado.
O que acontece quando uma empresa sai da bolsa?
Quando uma OPA para fechamento de capital é bem-sucedida, a empresa deixa de ser uma companhia aberta.
Apesar de isso ser possível e, muitas vezes, até benéfico para a estratégia da empresa, existem algumas consequências para uma empresa que deixa de ter suas ações listadas na Bolsa de Valores.
Conheça agora algumas consequências para empresas que deixam de ser listadas na B3.
- Perda de acesso ao mercado de capitais: a empresa não pode mais emitir novas ações na Bolsa para levantar recursos, financiar projetos ou rolar dívidas.
- Redução de visibilidade: a companhia sai do radar da grande mídia e de muitos analistas de mercado, perdendo exposição.
- Menor transparência: as rigorosas exigências de divulgação de resultados trimestrais e fatos relevantes da CVM deixam de ser obrigatórias, o que pode reduzir a transparência da gestão.
- Baixa liquidez: caso algum acionista decida não vender suas ações e permaneça na empresa, ele enfrentará uma enorme dificuldade para negociar esses papéis no futuro, pois não haverá mais negociações diárias no pregão da Bolsa.
Assim, a decisão de uma companhia deixar de fazer parte das empresas negociadas na Bolsa de Valores deve ser tomada de maneira estratégica e com muita transparência.