A sigla ESG é a abreviação de “Environment, Social & Governance” (Ambiental, Social e Governança, ou ASG no português). Esse conceito refere-se às boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de excelente governança corporativa.
Investir em boas empresas no século XXI é algo que vai além dos múltiplos fundamentalistas, dos lucros e das receitas, das dívidas e dos passivos.
A pandemia do novo coronavírus fez com que as empresas e o mercado acelerassem a pauta ESG e os especialistas do mercado e da Toro Investimentos apontam que as companhias que nisso investem apresentam mais resiliência durante momentos de crise.
No decorrer deste artigo, você vai aprender tudo de mais valioso sobre o ESG:
- O que é ESG (Environmental, Social and Governance) e por que o mercado o valoriza.
- Os critérios, as boas práticas e exemplos de empresas ESG.
- Os indicadores de ESG e o Índice ESG na Bolsa de Valores.
- Como fazer um investimento focado em ESG.
- Os principais ETFs de ESG do mercado.
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O que é ESG e qual o significado da sigla?
O significado da ESG é a abreviação de “Environment, Social & Governance” (Ambiental, Social e Governança, ASG na tradução para o português).
Esse conceito é utilizado para se referir a boas práticas empresariais que se preocupam com critérios ambientais, sociais e parâmetros de governança.
Os investidores que valorizam o ESG visam não apenas a perspectiva de geração de caixa e lucro da empresa, mas também ponderam fortemente sobre os três fatores citados.
Assim sendo, a ideia principal é que empresas que adotam essas práticas fiquem menos suscetíveis a riscos externos, como riscos de mudanças regulatórias, em especial multas e sanções caso utilizem demasiada e/ou agressivamente os recursos naturais ou provoquem desastres ambientais.
Por que o mercado valoriza tanto a pauta ESG?
Afinal, o que é a tão falada pauta ESG? A pauta ESG é um conjunto de critérios que avalia o desempenho das empresas em três áreas-chave: ambiental, social e governança.
A análise ESG considera fatores como impacto ambiental, práticas trabalhistas, diversidade, ética nos negócios, gestão de riscos, entre outros.
Investidores e empresas têm adotado cada vez mais a pauta ESG como forma de avaliar o impacto socioambiental das organizações e tomar decisões de investimento mais conscientes e alinhadas com princípios éticos e sustentáveis.
A pauta ESG tem ganhado importância como um guia para investimentos responsáveis e para a promoção de uma economia mais sustentável e socialmente inclusiva.
O mercado financeiro e os investidores rapidamente passaram a dar mais valor ao assunto, que é extenso e abrangente, por compreenderem que a avaliação de empresas e investimentos, a partir de agora, deve obrigatoriamente ponderar sobre as ações que são responsáveis com o meio ambiente e com a sociedade.
Uma vez que os consumidores estão mais exigentes, atender às práticas de ESG tornam as empresas mais responsáveis e preparadas para serem mais eficientes e perenes.
Além disso, alguns fatores importantíssimos aceleraram a necessidade das empresas se adequarem ao ESG, como, por exemplo:
- Crise e mudanças climáticas.
- Impactos do desmatamento.
- Ameaça às espécies animais em extinção.
- A busca pela eficiência energética.
- Ameaças de infrações aos direitos dos funcionários e dos consumidores.
- Surgimento e expansão da pandemia de Covid-19.
Hoje, é cada vez mais comum que analistas, investidores, diretores e Conselhos de Administração (CA) considerem investimentos sustentáveis como indutores de crescimento no futuro.
Ou seja, é algo que vai para além do mero conceito: representa ganho de força e competitividade, além de ampliar a aceitação de seus produtos e serviços no mercado.
As empresas que focarem em ESG terão vantagens comparativas no mercado, possibilitando-lhes reduções de custos e aumento do lucro a médio e longo prazo.
Ademais, a Economia Ambiental analisa os recursos ambientais como infinitos e que, no longo prazo, tal fator não seria um obstáculo à expansão do crescimento econômico.
Entretanto, as alterações climáticas e maiores regulações ambientais têm se tornado um fator importante para os resultados financeiros e sobrevivência de longo prazo.
Um grande exemplo dessa mudança de paradigma é representado pela gestora americana BlackRock, a maior do mundo com cerca de US$7 trilhões em ativos.
Em uma carta divulgada pelo seu presidente, Larry Fink, a companhia afirmou que interromperia os investimentos em setores intensivos em carbono, direcionando os recursos para companhias mais sustentáveis.
Além disso, afirmou que o risco climático é equivalente ao risco do investimento, bem como é vital dar mais transparência aos acionistas.
Ou seja, suas concepções de escolha de ativos e alocação de portfólio mudaram dr/asticamente e colocam a sustentabilidade na balança.
O que define as empresas ESG?
Bom, agora que você já entendeu o que é ESG e porque ele está se firmando como uma tendência, vamos entender, na prática, o que as empresas podem fazer para serem assim reconhecidas.
As melhores práticas e critérios de seleção de ESG
Para facilitar a sua compreensão neste tópico, vamos separar as boas práticas e atitudes sustentáveis de acordo com os pilares do ESG:
Práticas e princípios ambientais (E)
Entre as práticas ambientais, pode-se destacar:
- O empenho da companhia em buscar alternativas sustentáveis, visando reduzir o impacto do processo produtivo no meio ambiente;
- Iniciativas voltadas para a diminuição do uso excessivo e predatório de recursos naturais;
- A redução na emissão de poluentes e estabelecimento de metas para isso;
- Suas boas práticas com embalagens, geração, cuidado e descarte de plásticos;
- O gerenciamento eficiente e correto do descarte de lixo;
- A adoção de medidas direcionadas para projetos de proteção e preservação ambiental.
Práticas e princípios sociais (S)
Já nas práticas sociais, o ideal é que a companhia adote iniciativas como:
- Aprimoramento em como se relaciona com as pessoas e a sociedade;
- Aderência aos direitos trabalhistas;
- Valorização da saúde e segurança no ambiente de trabalho;
- Apoio à diversidade e inclusão no meio empresarial;
- Preocupação intensiva com a experiência do consumidor em todas as fases;
- O posicionamento da empresa em causas sociais e beneficentes.
Práticas e princípios de governança (G)
Por fim, no quesito da governança, o mercado observa:
- A adoção de políticas e práticas direcionadas para o controle da companhia;
- O comportamento institucional em relação às políticas anticorrupção e lavagem de dinheiro;
- A composição e a diversidade do conselho de administração e da diretoria;
- A política de remuneração dos diretores;
- Os valores, a postura moral e ética nos negócios;
- A adesão aos princípios do PRI (Princípios para o Investimento Responsável);
- O relacionamento com os acionistas e com a imprensa;
- O quanto a gestão valoriza a transparência, a equidade, a prestação de contas e a responsabilidade corporativa;
- O não envolvimento da empresa e diretores em fraudes, denúncias, escândalos, esquemas de pirâmide, condenações na justiça e similares;
- A elaboração e execução de uma boa política de compliance.
Quais são as vantagens do ESG para as empresas?
Caso as empresas listadas em Bolsa se comprometam com práticas semelhantes às que citamos acima, elas podem esperar algumas vantagens no mercado, tais como:
- Redução dos custos operacionais e ganhos de produtividade.
- Fidelização de clientes que valorizam o consumo de produtos e serviços sustentáveis.
- Mitigação de possíveis riscos socioambientais.
- Redução de interferências regulatórias e legais.
- Melhoria na imagem e reputação.
- Oportunidades de acessar novos nichos de mercados e desenvolver produtos.
- Possibilidade de emitir green bonds, isto é, títulos de dívida com destinação exclusiva para projetos que promovam impactos positivos no meio ambiente.
- Acesso às linhas de crédito verde, ou seja, aquelas voltadas para o financiamento de projetos sustentáveis e que contam com taxas de juros menores e prazos mais acessíveis.
- Melhores índices de satisfação, atração e retenção de talentos entre os funcionários.
- Maior equidade e transparência, que serão diferenciais importantes como critério de alocação por parte dos investidores.
- Maior diversidade social, que permite opiniões e pontos de vista diferentes, os quais contribuem positivamente para o processo decisório da empresa.
- Ganho de vantagem competitiva frente aos concorrentes no longo prazo, tendo em vista a antecipação de critérios regulatórios e legais.
- Mais segurança para o investidor.
- Ampliação da quantidade de fundamentos disponíveis para analisar a aplicação de um investimento.
Como pontos negativos, podemos destacar que (1) ainda é uma pauta recente em que há a possibilidade de greenwashing, isto é, a empresa ser sustentável no discurso, mas suas atitudes e operações, na realidade, serem contrárias a isso; e (2) como é algo novo, apenas um número de reduzido de empresas listadas adota tais políticas de modo amplo.
Existem índices de ESG na Bolsa de Valores?
Você provavelmente já sabe que o Ibovespa é o índice referência da Bolsa de Valores nacional, não é mesmo? Ele reflete o desempenho médio das ações mais negociadas no país.
Agora, será que existem índices que acompanham a oscilação das empresas que estão enquadr/adas no que é ESG? A resposta é sim!
Lembrando que não é possível investir em índices diretamente. Eles existem como forma de medir a performance com base na média das cotações das empresas que fazem parte do indicador.
Para fazer aplicações semelhantes ao índice, é necessário recorrer aos ETFs, que vamos explorar no próximo tópico.
Mas antes, vamos falar sobre os principais ESG Index que podem lhe auxiliar a mapear as empresas que adotam boas práticas de ESG são:
1. Índice Brasil ESG
O Índice S&P/B3 Brasil ESG funciona como uma carteira teórica ampla que visa aferir a performance de empresas que, conforme descrição da B3, “cumprem critérios de sustentabilidade e é ponderado pelas pontuações ESG da S&P DJI.
O índice exclui ações com base na sua participação em certas atividades comerciais, no seu desempenho em comparação com o Pacto Global da ONU e também empresas sem pontuação ESG da S&P DJI“.
2. Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE B3)
No ano de 2005, este foi o 4º índice do tipo criado no mundo como forma de dar suporte aos investidores no momento de escolher por uma aplicação e incentivar que as empresas adotem práticas de sustentabilidade, eficiência econômica, equilíbrio ambiental, critérios de justiça social e boas práticas de governança corporativa.
A composição da carteira do ISE B3 elege ativos dentre as 200 companhias mais negociadas da Bolsa de Valores do Brasil e se baseia em uma metodologia de 7 dimensões: “econômico–financeiro, geral, ambiental, governança corporativa, social, mudança do clima e natureza do produto”.
3. Índice Carbono Eficiente (ICO2 B3)
O Índice de Carbono Eficiente (ICO2) foi criado em 2010 com o intuito de ser um incentivador das discussões sobre a pauta climática no Brasil, bem como refletir o comprometimento e a transparência nas emissões, além de antecipar a visão de preparação para uma economia de baixo carbono no futuro.
Para compor a carteira do ICO2, a B3 convida empresas do IBrX 100 (as 100 empresas mais negociadas) e que atendam aos critérios do índice.
4. Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT B3)
O Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT B3) existe como forma de elaborar uma carteira hipotética com ativos de empresas que podem ser reconhecidas por terem boa governança corporativa, sendo que este fator é um dos mais fundamentais nas questões de ESG.
Na composição da carteira do IGCT não entram BDRs, ações de empresas em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária ou qualquer outra situação especial, conforme a metodologia da B3.
Como fazer um investimento focado em ESG?
Para realizar investimentos que foquem em questões de ESG, você precisa considerar, na sua escolha por ativos, os fatores que mencionamos como diferenciais para empresas que recebem esse selo de reconhecimento.
Além disso, avalie se a aplicação se encaixa com o seu perfil de investidor, sobretudo visar o longo prazo, pois tais tendências devem ser reforçadas nas próximas décadas na Bolsa de Valores, assim como as questões associadas a ela.
Em seguida, basta abrir a sua conta na Toro e transferir os recursos para fazer comprar as ações e construir a sua carteira.
Para montar uma carteira com as melhores ações ESG, muito estudo deve ser desenvolvido nos fatores fundamentalistas das empresas e nas questões que fazem interseção com as demandas do ESG e que têm potencial de gerar bons retornos no futuro. Você também pode investir via Fundos de Investimentos e ETFs de ESG.
Para quem está começando nos investimentos em renda variável e deseja, assim com boa parte do mercado, valorizar essa tendência, é uma excelente alternativa. Confira um vídeo especial sobre montagem de uma carteira vencedora.
Fundos de Investimento ESG
Além da carteira recomendada, alguns Fundos de Investimento − Fundos de Ações e Fundos Multimercados − estão direcionando suas estratégias de modo a alinhá-las com o que é ESG na prática.
Na Toro Investimentos, você tem acesso a uma lista completa para escolher entre os principais Fundos do mercado. Essa também é uma opção excelente para quem opte por não administrar os investimentos por conta própria e delegar essa tarefa a gestores profissionais, dedicados a acompanhar o mercado e investir o seu dinheiro para você.
ETFs de ESG
Por fim, outra possibilidade para realizar o investimento seguindo critérios sustentáveis são as aplicações nos principais ETFs que são elaborados com uma estratégia que valorize o ESG e propõem um modo de diversificação. São eles
1. ECOO11
O iShares Índice Carbono Eficiente (ICO2) − negociado pelo ticker ECOO11− é um ETF que elabora uma carteira exposta a ações de empresas brasileiras e busca maior eficiência na emissão de carbono. O ECOO11 é um Fundo de índice. Em outras palavras, ele replica a carteira de um índice de referência. Nesse caso, o índice observado é o ICO2, que conhecemos no tópico anterior.
2. GOVE11
O GOVE11 é outro ETF que visa refletir a performance do índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) da B3. Por regulamento, o Fundo investe no mínimo 95% do seu patrimônio em ações que estão na carteira desse índice. O IGCT é um índice que elabora o seu portfólio de acordo com as empresas que seguem elevados e diferenciados padr/ões de governança corporativa.
3. ISUS11
Assim como o anterior, o ISUS11 é um ETF administrado pelo Itaú e fixou como objetivo acompanhar a performance do Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bolsa de Valores do Brasil. Também por definição em regulamento, 95% da carteira deste ETF é composta por ações do ISE, em qualquer proporção.
4. Outros ETFs de ESG
Além dos ETFs já citados, há outras opções de Fundos atrelados a índices recentemente lançados na Bolsa de Valores. São eles:
- ESGB11: replica o Índice S&P/B3 Brazil ESG.
- ESGD11: segue o índice MSCI EAFE Extended ESG Focus Index (ESG-D) em que o o foco são ativos de países desenvolvidos.
- ESGE11: acompanha o MSCI Emerging Markets Extented ESG Focus Index (ESG-E) que segue mais de 340 ativos em vários países emergentes.
- ESGU11: acompanha o índice MSCI USA Extended ESG Focus Index (ESG-U) que segue 300 empresas na Bolsa dos EUA.
Lembrando que as ações, ETFs e outros ativos mencionados no artigo não são recomendações de compra, nem necessariamente representam a opinião dos Analistas da Toro.