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Panos quentes?

Esta semana foi marcada pelo conflito geopolítico entre os Estados Unidos e o Irã. Após o ataque norte-americano que culminou na morte do general iraniano Qasem Soleimani, o Irã retaliou e atacou uma base dos EUA no Iraque, que não ocasionou baixas. No fim da semana, o tom de paz prevaleceu, sem sinais de que os dois países se envolverão em um conflito armado mais intenso.

Tivemos ainda a divulgação do IPCA, um dos mais importantes índices de inflação brasileiros. Tal indicador veio bastante alto no mês de dezembro em função da elevação dos preços das proteínas animais, e fez com que a inflação brasileira ultrapassasse o centro da meta. Já nos EUA, os dados de emprego vieram abaixo das expectativas, com a maior economia do mundo gerando menos empregos do que o esperado.

No cenário corporativo, a palavra do momento é “desinvestimento”. Empresas como Pão de Açúcar e a mineira Cemig anunciaram estratégias neste sentido. A primeira delas pretende vender sua rede de postos de combustível e focar no varejo de alimentos. Já a segunda almeja se desfazer da participação na Taesa.

Por fim, a semana que vem será marcada pela divulgação de indicadores econômicos. Os EUA trarão dados de inflação, enquanto a China informará a sua balança comercial e o PIB do 4T19. Também é possível que tenhamos a assinatura da primeira fase do acordo entre estes dois países, envolvidos em uma guerra comercial desde 2018. No Brasil, as vendas do varejo de novembro podem surpreender.

 

Os destaques da semana:

  • Economia: Produção industrial e inflação.  
  • Corporativo: Foco de ano novo e negócio frustrado.
  • Em destaque: Desinvestimentos da Cemig.
  • No exterior: Alívio geopolítico e dados de emprego americano. 
  • Fique de olho: Dados econômicos no Brasil e no mundo e acordo comercial

Veja a seguir nosso relatório semanal completo. 

 

Meio ruim, meio bom

Os dois dados mais importantes da semana foram a produção industrial e a inflação. O primeiro decepcionou o mercado. Era esperada uma queda de 0,70% na comparação entre novembro de 2019 e outubro do mesmo ano, mas a variação foi de -1,2%. O segmento da indústria é de suma importância para o crescimento sustentável da economia no longo prazo, por isso a contração maior do que o previsto desagradou o mercado. 

Contudo, a inflação veio acima das projeções. Era cogitado algo em torno de 4,2% para o ano passado, mas o IPCA fechou em 4,31%. Dessa forma, a inflação de 2019 superou a meta inflacionária, que era 4,25%, ficando dentro da faixa de tolerância. Entre outros fatores, a alta do preço da carne foi o principal responsável pela alta do indicador. 

A economia já apresenta sinais de melhora através do avanço de indicadores importantes, mas outros índices ainda não responderam como o esperado. É vai, mas não vai. Contudo, 2020 acabou de começar e seguimos acompanhando  os próximos passos da evolução econômica brasileira. 

 

Focando na dieta, GPA emagrece portfolio

O Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) segue realizando desinvestimentos visando focar no segmento de varejo de alimentos. Após a venda da participação na Via (VVAR3) no ano passado, agora o grupo põe à venda mais ativos fora do segmento de varejo de alimentos.

A Companhia colocou à venda sua rede de postos de gasolina, que podem totalizar cerca de R$1,0 bilhão, e pretende vender também sua rede de drogarias. Com isso a Empresa fica mais concentrada na parte de varejo alimentar.

Triste vida

Em 11 de novembro de 2019, a Hapvida (HAPV3) anunciou um protocolo de entendimentos para comprar parte da carteira de clientes de planos médicos (aproximadamente 12 mil vidas) da Agemed Saúde.

Porém, a ANS (Agência Nacional de Saúde) determinou que seria necessária a compra de toda a carteira, com cerca de 150 mil vidas, para a realização do negócio. Segundo a Hapvida, essa decisão da ANS impossibilitaria a adequação da rede de prestadores médicos para atender a carteira.

Com isso, a Companhia resolveu cancelar o protocolo de entendimento e o negócio, afirmando que seguirá com esforços para fortalecer a presença na região Sul do Brasil, notadamente a região de Joinville. 

É tão maneiro, uai, é bom demais…

… não tem como duvidar que a transação que a Cemig (CMIG4), a companhia mineira de energia, está realizando tem chamado a atenção de muita gente. Desde que a empresa anunciou ao mercado seu projeto de desinvestimento, suas ações têm subido de maneira exponencial. Na última terça-feira (07), quando foi divulgada a notícia de que a Cemig tinha contratado o Bank of America (BoFA) para realizar a operação de venda de sua participação na Taesa (TAEE11), os preços dispararam. Somente nesta semana observamos uma alta de mais de 9,0% nas ações da elétrica. Pra quem não acompanhou a negociação, seguem os tópicos mais importantes:

  • A Cemig possui 21,68% da totalidade das ações da Taesa. 
  • O valor da venda está estimado em R$2,3 bilhões. 
  • A transação pode ser feita por venda direta ou por oferta de ações. 

E como todo bom mineiro, que não tem culpa de comer quietinho, o plano da Cemig é diminuir sua alavancagem financeira através da venda de ativos não estratégicos. Mas só pra contrariar o mercado, a tão esperada privatização da Cemig, prometida no governo Zema, está longe de acontecer, sofrendo forte rejeição dos mineiros e da Associação Mineira de Municípios (AMM). Diferente do episódio visto nesta sexta-feira (10), quando a notícia de que a  desestatização da Eletrobras (ELET3) pode acontecer em 1° de setembro deste ano. 

Dados de emprego nos EUA

O relatório de emprego norte-americano (Payroll) desacelerou no mês de dezembro após duas altas consecutivas. A criação de empregos foi de 145 mil, abaixo dos 164 mil esperados. No entanto, a taxa de desemprego ficou estável em 3,5%, a mais baixa em 50 anos, mostrando que a capacidade ociosa ainda permanece controlada. Por sua vez, o salário médio pago aos trabalhadores nos EUA subiu 0,10% por hora na comparação mensal. Já na comparação anual, constatou-se queda de 3,1% para 2,9%. 

O S&P 500, principal índice acionário americano, não mostrou tanta volatilidade e permaneceu estável depois dos anúncios dos dados. Os dados trouxeram certo equilíbrio depois de altas acima do esperado visto nos meses passados. Com isso o FED pode optar por manter a taxa de juros inalterada, a depender dos próximos dados do PIB.

Alívio internacional

Depois de uma tumultuada semana marcada pelo acirramento das tensões geopolíticas entre os EUA e o Irã, o presidente Donald Trump fez um discurso brando, aliviando as tensões que pairavam sobre a situação entre os dois países. Em fala, Trump disse que a intenção era impedir, e não começar uma guerra. “Não queremos uma mudança de regime do Irã”, continuou o presidente. 

Porém, o presidente dos Estados Unidos prometeu sanções e se opôs, novamente, ao desenvolvimento de armas nucleares pelo governo de Teerã. Sobre os ataques que o Irã promoveu à base dos EUA no Iraque, Trump disse que não houve baixas do lado americano. 

O tom foi de paz. Postura que se mostrou necessária, tendo em vista o cenário eleitoral norte-americano de 2020. A demonstração de força e, logo depois, um comportamento de alguém que não quer guerra, pode ter sido o toque político que faltava para sua reeleição à presidência. 

Bolsa Variação*
Nasdaq 1,96%
S&P500 1,14%
Dow Jones 0,04%
FTSE100 -0,45%
DAX 2,00%
Xangai Composto 0,28%
*Variações semanais até às 18:00 de sexta-feira.
 

Dados econômicos no Brasil e no mundo e acordo comercial

A semana que vem será marcada pela divulgação de indicadores econômicos importantes ao redor do mundo, incluindo o Brasil. Na terça-feira (14) teremos a divulgação do núcleo de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos, que é uma medida de inflação que leva em conta bens e serviços, deixando de fora os setores de alimentos e de energia. Dados acima das expectativas podem ser mais um fator para que o FOMC mantenha as taxas de juros dos Estados Unidos nos atuais patamares por mais tempo, retardando assim novos cortes.
 
Ainda na terça-feira, teremos a divulgação da balança comercial chinesa que, por definição, é calculada pela diferença entre as exportações e as importações. Por envolver transações econômicas entre países, tal dado é um bom indício dos impactos da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, que possuem estreita relação comercial. Por falar em guerra comercial, é esperado que a primeira fase do acordo seja assinada na próxima quarta-feira (15), contemplando aspectos como tarifas, produtos agrícolas e propriedade intelectual. Contudo, a segunda fase deve ser decidida após as eleições presidenciais norte-americanas, no mês de novembro.  
 
Já na quinta-feira (16) será divulgado o PIB chinês referente ao quarto trimestre de 2019. Este será mais um indicador sobre o ímpeto de crescimento da economia chinesa, que vem perdendo fôlego desde 2007. De toda forma, a China está bem distante de um cenário de recessão, visto que o seu PIB cresceu algo entre 6,0% e 7,0% ao longo dos últimos cinco anos.
 
Finalmente, a divulgação das vendas no varejo em novembro aqui no Brasil ocorrerá na quarta-feira. Esses dados serão de suma importância por condensarem as vendas da Black Friday, que foram bastante fortes ao longo de novembro. Isso pode ser mais um indício de que a economia brasileira retoma pouco a pouco o seu crescimento, visto que o varejo costuma ser um dos primeiros segmentos da economia a esboçar uma reação.  

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